quinta-feira, 2 de abril de 2009

Silêncio

O homem possui um desejo imenso de se fazer compreender, porém, se fosse apenas isso, nenhum mal causaria, então. No entanto, mas do que compreensão, ele exige aceitação e, daí, começam os problemas. Querer ser ouvido é um direito, querer ser acatado não passa de um desejo.
Dessa ânsia de autoridade surgem os excessos, o exagero que ultrapassa o limite do razoável e expõe o falador ao ridículo. A economia das palavras, em todos os tempos, foi considerada uma atitude de sabedoria, pois o que guarda a sua boca preserva a sua alma, mas o que muito abre os seus lábios tem perturbação.
O que esquecemos sempre é que as palavras, depois de soltas, não há mais como capturá-las e os estragos que elas podem fazer são grandes. São vorazes em atingir os sentimentos e jamais carregam a intenção de quem as lançou. Invadem os ouvidos como bestas ferozes e anseiam por sangrar os corações. As palavras, muitas vezes, não respeitam a verdade e não refletem a realidade. As palavras são estranhas que se metem em tudo.
Nada é mais belo do que a verdade, e esta beleza precisa ser respeitada. Porém, para compreender a verdade, enxergando sua beleza, guardamos silêncio, e não pensamos o que em outra ocasião pensaríamos.
O maior sábio é a verdade, e as palavras dos sábios devem, em silêncio, ser ouvidas. Os que muito querem falar, os que acham que têm muito a dizer, cuidado para não violarem o sagrado e, na pretensão verborrágica de convencer, acabar agredindo a beleza da verdade, pois certas palavras profanam.


Citações de Provérbios 13.3, Nietzche, Eclesiastes 9.17 e Mário Ferreira dos Santos.