sábado, 6 de novembro de 2010

Ignorância é pecado

Ignorância é pecado, não tenho dúvida disso. Basta entender que o que distingue os homens dos outros animais é, exatamente, a razão. Nela, o homem se assemelha a Deus. Então, abandoná-la, ou melhor, não alimentá-la, é desprezo da única parte realmente valorosa do ser humano.

Muitos cristão acreditam, piamente, que a ignorância é evidência de humildade, pois enxergam o conhecimento como fruto de uma alma soberba. No entanto, tão hipocritamente como pode ser um falso humilde, faz uso de todas as benesses conquistadas por aqueles que não se conformaram ao básico, mas buscaram transpor o conhecimento comum, para alcançar alguma, ao menos, técnica superior.

Pior ainda aqueles que se esforçam por se manter o mais alheios possível de qualquer conhecimento mais aprofundado em relação às coisas espirituais, mas não negam seus sinceros esforços na obtenção de algum conhecimento que lhes dê ascensão social e dinheiro.

Em um país como o nosso, no qual as maiores autoridades têm sido aqueles que demonstram ter menor apreço por qualquer tipo de cultura superior, conclamar as pessoas a deixarem a ignorância para lutarem por adquirir sabedoria, principalmente por meio da leitura, parece uma piada de mal gosto. Aqui, se julga o sucesso de alguém, não pelos tesouros que ele deixa para a posteridade, mas pelos lixos que acumula em seu fétido depósito de quinquilharias, que servem apenas para satisfazer seus ventres e seus egos.

Se o conhecimento fosse algo inacessível, eu poderia até relevar a ignorância de alguns. Mas o que vejo é um enorme esforço dessas pessoas, com dispêndio de tempo, força e até dinheiro em tantas coisas inúteis, que não cultivar a nobreza do estudo é realmente imperdoável. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4.17). E quem negará que o conhecimento é algo bom? Nem a Bíblia o nega, nem qualquer pessoa de bom senso. Na verdade, se é a razão a nossa semelhança com o Pai, seu fortalecimento, no mínimo, será uma homenagem a Ele.

Então, que não me venham fazer apologia da ignorância, pois isso suscita o que de mais ignorante há em mim. Cultivem, sim, o conhecimento. Busquem a compreensão das coisas, penetrem fundo nas Escrituras a fim de que ela os ensine algo. Saiam eles das trevas e corram para a luz, para que ela ilumine seus tenebrosos entendimentos, os quais, imersos no lodo da estultície, nada vêem além de seus olhos míopes.

Que sejam honestos consigo mesmos, reconhecendo que sua falta de compreensão não é nem piedade, nem inocência, nem humildade, mas a mais pura e simples tolice.