Estudar Teologia não é um passatempo, mas uma vocação. Quem imerge nesse universo carrega então uma responsabilidade que deve ser respeitada e honrada.
Há muitos estudantes de Teologia que ingressam nos cursos sem a bagagem intelectual, psicológica e material necessárias para isso. Se defrontam com um universo muito maior do que a amplitude de suas estreitas visões pode abarcar, causando a transmutação dos conceitos e fórmulas aprendidos para dentro de seus universos limitados.
O resultado disso é a proliferação de pseudo-teólogos, linguarudos e altivos, que mesmo após anos de estudos, não são capazes de desenvolver pensamentos triviais sobre a doutrina sagrada.
O pior é que ao invés de ampliarem seus mundos a fim de alcançarem a ciência, usurpam-na sujeitando-a aos seus mundinhos, forçando para que a infinitude seja enxertada na pequenez. Com isso, numa atitude antisocrática, ao invés de tomarem consciência da ignorância, ao se depararem com a amplitude da realidade, absorvem a Teologia, adaptando-a, inconscientemente, para dentro de seu universo, olhando a parte como se fosse o todo.
Ora, se o todo é enxergável e conhecido por eles, então são eles os próprios senhores da verdade. Se tudo eles sabem, já que nada enxergam além do que vêem, nem possuem a consciência da ignorância, a perçepção que têm de si mesmos é a de verdadeiros cultores da sabedoria.
Se tornam, portanto, enfadonhos, superficiais e ridículos. O que seria uma bela vocação, edificadora do corpo de Cristo, se transforma em entrave e escândalo.
Por isso, ao estudar Teologia, não esqueça que ela é uma ciência profunda, cujo estudo demanda não apenas dedicação direta e exclusiva, mas ampliação da cultura literária, do universo imaginativo e do vocabulário. Sem esses três elementos, o que haverá é a distorção dos conceitos, tornando o que seria uma bênção em mais um obstáculo à verdadeira espiritualidade.
Fabio Blanco
Aconselhamento para Novos Teólogos