Há, tradicionalmente, diversas maneiras de estudar Teologia. Existem os estudos mais doutrinários, aqueles mais sistemáticos, há ainda a Teologia histórica e tantos quantos forem os teólogos, uma nova maneira de estudar Teologia se apresentará. Sendo uma, poderíamos dizer, ciência humana, não se detém em métodos tão rígidos e inflexíveis.
Por isso, quando digo que tenho um jeito próprio de pensar Teologia, não quero, com isso, inaugurar uma nova ciência, menos ainda inovar na doutrina bíblica. O que me disponho a fazer é, simplesmente, estudar Teologia da forma como eu entendo mais verdadeira e honesta.
Conheço diversos estudos teológicos que, a despeito de sua ortodoxia, ignoram a experiência humana ordinária. Com isso, apesar de serem irrepreensíveis em grande parte de suas investigações, apresentam alguns pontos que se tornam inconciliáveis com a realidade, como vista e experimentada pelo homem comum.
Isso sempre me incomodou, pois entendo que a Teologia não é uma ciência no sentido moderno que se dá ao termo. Ela não é uma visão fragmentada, recortando a realidade. Sendo uma ciência que investiga a revelação divina, suas conclusões buscam a conciliação entre a Palavra de Deus e a Realidade. Quando estas, aparentemente, entram em conflito, a Teologia esforça-se por achar a convergência. O que ela jamais pode aceitar é que aquele aparente conflito seja resolvido com um non sense. A resposta teológica deve ser um acordo entre a Revelação e a Realidade ou uma declaração da incompreensão em relação à primeira. O que não deve é insistir na colisão frontal, o que a desonraria tremendamente.
O pensamento teológico é mais do que a organização mental de uma revelação esparsa, mas, sim, a construção intelectual fundamentada nos dados desta revelação. É, portanto, essencial que o teólogo seja um pensador, alguém que não apenas adquire e coordena informações, mas as disseca, as desenvolve, e as interpreta. Um intérprete da revelação! Esta talvez seja a melhor definição para ele.
Sendo, então, um intérprete, seu papel é muito maior do que saber qual é a revelação. É, sim, compreendê-la, entendendo a que ela se refere, onde ela se encaixa na complexidade da realidade e até onde ela estende seus efeitos.
Não é tarefa simples, nem, como escreveu Gregório de Nazianzo, "se trata de empresa fácil, nem própria a quem se arrasta pelo chão". O teólogo carrega sobre seus ombros a dupla responsabilidade de ser fiel à Revelação de Deus e à realidade conhecida. Se fere a primeira torna-se um herege, se ignora a segunda, um tolo.
Portanto, a decisão pela Teologia não pode se dar apenas pelo desejo de conhecer, mas deve ser acrescentada pela consciência do esforço meditativo necessário para se alcançar as respostas às questões levantadas por essa nobre ciência.
Teólogo, o intérprete da Revelação