Percebo, em muitos novos convertidos, uma ansiedade manifesta. Eles acreditam e esperam que um dia poderão atingir um nível tal de espiritualidade que viverão como que à parte dos problemas deste mundo. Crêem que a evolução de suas vidas religiosas terá o poder de arrancá-los das perturbações desta vida e elevá-los a um nível praticamente estóico de existência.
No entanto, infelizmente, essa não é a realidade.
Além de considerar a própria declaração de Cristo, que nada mais era do que uma constatação, de que no mundo teríamos aflições, há algo que também não podemos ignorar: nossa estrutura limitada é a própria causadora de tudo isso. Independente dos poderes angélicos que atuem nos domínios deste mundo, o próprio homem, em sua disposição natural, já enfrenta as tensões não apenas psicológicas, mas inclusive físicas. São impossibilidades, parcialidades, oposições que, por causa da limitação natural, estão impregnadas em sua existência.
Por isso, é necessário ter consciência de que haverá sempre levantes externos contra a nossa sanidade, contra o nosso equilíbrio. Os fatores alienantes também estarão sempre presentes e todo passo para a perfeição é apenas um reconhecimento mais profundo de nossa imperfeição.
Mesmo que fossemos ermitões, sobrariam ainda os próprios conflitos internos, naturais e irrenunciáveis.
Portanto, sábio é ser consciente da estrutura humana, lidando com os fatores opositores não como inimigos externos, mas como caminhos naturais que precisam ser ultrapassados - sempre com muito cuidado.
Consciência da limitação