domingo, 12 de dezembro de 2010

Aconselhamento para Novos Teólogos

Estudar Teologia não é um passatempo, mas uma vocação. Quem imerge nesse universo carrega então uma responsabilidade que deve ser respeitada e honrada.

Há muitos estudantes de Teologia que ingressam nos cursos sem a bagagem intelectual, psicológica e material necessárias para isso. Se defrontam com um universo muito maior do que a amplitude de suas estreitas visões pode abarcar, causando a transmutação dos conceitos e fórmulas aprendidos para dentro de seus universos limitados.

O resultado disso é a proliferação de pseudo-teólogos, linguarudos e altivos, que mesmo após anos de estudos, não são capazes de desenvolver pensamentos triviais sobre a doutrina sagrada.

O pior é que ao invés de ampliarem seus mundos a fim de alcançarem a ciência, usurpam-na sujeitando-a aos seus mundinhos, forçando para que a infinitude seja enxertada na pequenez. Com isso, numa atitude antisocrática, ao invés de tomarem consciência da ignorância, ao se depararem com a amplitude da realidade, absorvem a Teologia, adaptando-a, inconscientemente, para dentro de seu universo, olhando a parte como se fosse o todo.

Ora, se o todo é enxergável e conhecido por eles, então são eles os próprios senhores da verdade. Se tudo eles sabem, já que nada enxergam além do que vêem, nem possuem a consciência da ignorância, a perçepção que têm de si mesmos é a de verdadeiros cultores da sabedoria.

Se tornam, portanto, enfadonhos, superficiais e ridículos. O que seria uma bela vocação, edificadora do corpo de Cristo, se transforma em entrave e escândalo.

Por isso, ao estudar Teologia, não esqueça que ela é uma ciência profunda, cujo estudo demanda não apenas dedicação direta e exclusiva, mas ampliação da cultura literária, do universo imaginativo e do vocabulário. Sem esses três elementos, o que haverá é a distorção dos conceitos, tornando o que seria uma bênção em mais um obstáculo à verdadeira espiritualidade.


Fabio Blanco

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Talvez alguns cristãos fiquem escandalizados com artigos como estes, chamados "Estado: ministro de Deus"e "A Pena Capital é Bíblica?", ambos publicados no site do Julio Severo, ambos escritos pelo Pr. Marcello Oliveira. Isso porque eles não conseguem compreender como cristãos podem de alguma maneira ser favoráveis à aplicação da pena de morte pelo Estado.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Nossos governantes são o fruto do nosso pecado

...tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7). Tal regra não se aplica apenas aos indivíduos, mas, com toda certeza, aos povos. Se ficamos atordoados com mais uma vitória de um partido como o PT, e se já estávamos atordoados antes, quando nossas possibilidades de escolha não iam muito além dos socialistas fabianos do PSDB, isso não foi por pura obra do acaso.

sábado, 6 de novembro de 2010

Ignorância é pecado

Ignorância é pecado, não tenho dúvida disso. Basta entender que o que distingue os homens dos outros animais é, exatamente, a razão. Nela, o homem se assemelha a Deus. Então, abandoná-la, ou melhor, não alimentá-la, é desprezo da única parte realmente valorosa do ser humano.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Deus é um pélago do ser" 


Gregório de Nazianzo

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sacrifício Vivo (Culto Racional)

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”
(Romanos 12.1)

O sangue e a morte eram os componentes reais do sacrifício praticado no Velho Testamento. Por eles, através da entrega do corpo do animal a ser abatido, era concedido o perdão divino. Tudo, no entanto, era figura do sacrifício definitivo, oferecido pelo próprio Cristo. Ele, que entregue e morto, derramou seu sangue, e agora de maneira definitiva, para o perdão dos pecados dos homens. Não há mais, portanto, necessidade de qualquer sacrifício de morte, pois o de Jesus Cristo foi perfeito e perpétuo. Então, quando Paulo faz a analogia, exortando pela oferta dos próprios corpos como sacrifícios vivos, ele o faz com referência não ao sangue, nem à morte, mas aos outros componentes compreendidos no ato de sacrificar.

O sacrifício no Velho Testamento compreendia a entrega de um animal sem defeitos para ser abatido diante do altar do Senhor. Lançando mão desse conhecimento, o apóstolo conclama o povo cristão a, como se fazia com animais, que eles se façam a si próprios: entreguem-se plenamente ao Senhor de suas almas. A analogia, portanto, é perfeita. Retirando os componentes de sangue e de morte, restam a entrega total, a sujeição plena e a resignação. Como cordeiros, Paulo anima os cristãos a oferecerem a si mesmos como sacrifício, alienando-se totalmente diante de Deus, submetendo-se completamente à Sua vontade, aceitando plenamente o destino traçado por Ele. Não cabe ao sacrifício discutir os altos desígnios de Deus, mas, obediente e submisso, deitar-se no altar eterno, deixando com que o fogo do Senhor o consuma e o purifique.

O que se pede, à maneira dos antigos sacrifícios, é que ele seja santo e agradável. Separados deste mundo, separados para Cristo, esta é a santidade requerida. Como Jesus mesmo disse, não somos este mundo e não temos parte com ele1. Portanto, a separação é requisito essencial do sacrifício moderno. Apenas assim, na verdade, tornar-se-á agradável, pois é a separação que o torna puro, pois passa pela justificação de Cristo. É agradável porque é da maneira como Deus espera.

A exortação de Paulo é séria e a analogia perfeita. Quem deseja ser cristão e agradar a Deus não pode se contentar em servi-Lo desleixadamente, entregar as sobras e não as primícias ou não oferecer o que tem de melhor em si. Não se deve oferecer pão imundo, animal cego, coxo ou enfermo, pois Deus não aceitará a oferta das mão de quem assim procede2. Sim, precisamos ser puros na intenção e sem defeitos no juízo. Apenas assim agradaremos ao Senhor.

O culto, ou seja, a oferta, o louvor, a dedicação devem ser realmente compreendidas como um ato ofertório consciente. O chamado culto racional, o logiken latreian (λογικην λατρειαν), nada mais é do que a oferta consciente da própria vida no altar de Deus. É consciente porque se dá pela compreensão de quem é Jesus Cristo e qual o seu papel na economia salvífica do Evangelho. É racional porque não se dá por meio de um salto gnóstico, pelo qual a verdade se descortina como em mágica, mas, sim, através da conscientização progressiva de nossa posição diante de Deus, compreendida, principalmente, na revelação de Jesus Cristo.

Sacrifício vivo, enfim, é o homem que, conscientemente e sem reservas, se dispõe a ser devorado pelo fogo salvador do céu.


1João 17.14
2Malaquias 1.7-10

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Todo pecado é idolatria

No Velho Testamento há um tensão constante entre a fidelidade do povo ao Deus único, o Senhor Jeová, e os deuses existentes na cultura dos outros povos. Não poucas vezes os próprios judeus decaiam para a idolatria, ou seja, o culto daqueles ídolos. Em vários momentos, os profetas alertam para a fúria do Senhor Jeová, que recrimina o seu próprio povo por agir com infidelidade, adorando ídolos estrangeiros.

Mas quem são esses ídolos? Na verdade, ninguém, pois sabemos que o ídolo nada é no mundo1. Portanto, o que Deus desaprova não tem nada a ver com uma disputa com deuses menores, mas, sim, recrimina a intenção infiel do povo. Ao cultuar outros deuses, ainda que apenas criações culturais e religiosas, o homem substitui Deus, com todos os seus preceitos e determinações, por práticas estrangeiras que nada tinham em comum com o zelo do Deus de Israel. Ao fazerem isso, o verdadeiro Deus é rejeitado, pois não é possível dividir sua glória com qualquer outro ser. Sua glória, Deus não dá a outro, nem permite que seu louvor seja dado a imagens de escultura2.

Nós, homens de um tempo que não mais crê na existência de deuses, como criam os antigos, longe de acharmos que, por isto, estamos isentos do pecado da idolatria, devemos prestar atenção no que consiste, realmente, esse pecado. Não existe a idolatria putativa3, isso porque o pecado de idolatria se efetua na intenção do agente e não na realidade do deus menor. Idólatra é aquele que, ao invés de dar a glória ao único Deus verdadeiro, a outro a dá, ou a algum objeto.

Na verdade, o cerne da idolatria é o servir a deuses estranhos4. Cometer o pecado da idolatria é deixar de servir a Deus, o único Senhor verdadeiro, para servir a outros senhores. Ora, Jesus Cristo mesmo disse que ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (riquezas)5. Sendo assim, não há como entender de outra forma: sempre que servimos a algum outro ou a alguma outra coisa, além de Deus, estamos cometendo idolatria.

Independentemente de servir a um ídolo propriamente dito (um santo, uma entidade, um espírito), o qual se imagina exista e pode atuar no mundo ou servir alguma outra coisa qualquer, ainda que saiba inexistente ou inanimada, quem assim fizer estará incorrendo no pecado da idolatria. Porque cometer idolatria é, simplesmente, ter algo como seu senhor antes de Deus. Se algo tem e proeminência na vida de uma pessoa, e ela serve a isso com mais dedicação do que a Deus, certo é que o que ela faz pode ser considerada uma atitude idólatra.

Deus é o único senhor na vida de um cristão. Todas as outras coisas, se praticadas, usadas, usufruídas, devem assim ser sob a condição de nos fazerem servir a esse único Senhor. Não é possível, como o próprio Jesus afirma, nem mesmo tentar dividir a prestação do serviço, ainda que se imagine que está servindo a Deus mais que aos outros. Isso não existe! Só deve haver um senhor! Falando de uma maneira bem direta: quem tentar servir a Deus e alguma outra coisa ao mesmo tempo fará tudo bem mal e porcamente.

Mas falando assim, para quem não entende a profundidade do cristianismo, talvez pareça um exagero. Afinal, precisamos viver, ter experiências, nos divertir. É bem possível, pensam, ser um bom servo de Deus e continuar vivendo normalmente, com cada área de sua vida cuidada de uma maneira especial: a Deus o que é de Deus, ao trabalho o que é do trabalho, ao casamento o que é do casamento, aos filhos o que é dos filhos.

Acontece que tal pensamento não tem fundamento, pois baseado em premissas falsas. Quem assim pensa acredita que cada área da vida de uma pessoa é parte fragmentada, que pode ser cuidada separadamente, sendo em nada afetada pelas outras partes existentes. Não entende que somos apenas um só, seres individuais, não fragmentários, que devem sua existência a um outro ser, este porém Supremo. Sendo individuais, unos, não há como separar a vida em estanques apartados, pois, de qualquer maneira, devemos tudo ao mesmo Ser Eterno, e a Ele damos conta de todas as coisas. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez6. Se tudo é por Ele e para Ele, de quem é tudo e para quem nós vivemos7, nada, absolutamente nada, nem o mais ínfimo ato, nem o pensamento guardado no mais recôndito de nossa memória, estão fora do senhorio de Cristo em nossa vida. Tudo é para Ele, para que em tudo tenha a preeminência8.

O que fazemos, para Cristo fazemos. Tudo é, de uma maneira ou de outra, uma consagração a Deus. Por isso, nada tem a preferência antes do Senhor. Há um só Deus, um só Senhor9, apenas um a quem se deve servir. Todas as outras coisas confluem para Ele, direta ou indiretamente. Se alguma coisa há, em nossa vida, que consideramos que Cristo está totalmente apartado, podemos ter a certeza que ali reside o pecado, que ali se configura a idolatria.

Considerando, portanto, que pecar é não fazer a vontade de Deus, e isso significa não servi-lo, mas a outro, podemos afirmar, sim, que todo pecado é idolatria. Então, todas as vezes que pecamos, devemos nos sentir alertados como o povo do Antigo Testamento, que ouvia de Deus a voz de sua ira ao vê-los agindo como adúlteros, oferecendo a outros deuses o que pertencia somente a Deus.

Sejamos gratos àquele que tudo nos concedeu, inclusive a nossa própria existência, oferecendo a Ele de volta, como servos fiéis, e não como usurpadores, o amor, a dedicação e o culto devidos. Entreguemos nossa vida, como sacrifícios vivos10, no altar de Deus, entregando-lhe não apenas uma religiosidade exterior, não apenas uma parte da nossa vida, mas todo o nosso ser em consagração a Ele. Não vivendo como idólatras, que servem a outros deuses, mas como servos piedosos, que em tudo dedicam suas próprias vidas ao louvor do Deus Eterno.

(aula para os alunos da classe de batismo)


1I Coríntios 8.4
2Isaías 42.8
3Putativo é algo atribuído a alguém de maneira falsa, ou praticado por total engano do agente que, sem saber, não tinha possibilidade alguma de cometer tal ato.
4Josué 24.20
5Mateus 6.24
6João 1.3
7I Coríntios 8.6
8Colossenses 1.18
9Efésios 4.5
10Romanos 12.1

domingo, 24 de outubro de 2010

Repasso essa informação, porque é de extrema importância.

Será votada, na ONU, a chamada Resolução da Difamação da religião, a qual, diferente do que pode parecer, seria um salvo-conduto para países, principalmente islâmicos, dentro de seus territórios, perseguirem pessoas de outras religiões.

Abaixo segue a explicação sobre essa resolução, tirada diretamente do site do Portas Abertas.

Para assinar a petição contra a resolução, clique aqui.

Logo, escreverei um artigo sobre essa tática, que é muito parecida com outras imposições que tentam ser feitas, inclusive aqui no Brasil.

Aliás, apenas para variar um pouco, o Brasil está na lista dos países que se abstêm na votação, diferente dos países mais civilizados.

Segue o texto:

1. O que é a Resolução da Difamação da Religião?

A resolução foi apresentada e votada de várias formas e sob vários nomes desde 1999. Espera-se que ela seja votada novamente na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em dezembro de 2010. A primeira campanha da Difamação da Religião realizada pela Organização da Conferência Islâmica (OIC, em inglês), teve como alvo a “Difamação do islã”, mas posteriormente, voltou a ser considerada como “Difamação da Religião” para receber apoio de vários países. Até este ano, o islamismo foi a única fé especificamente mencionada nas resoluções do Conselho dos Direitos Humanos da ONU e que foi aprovada pela Assembleia Geral. Em março de 2010, uma nova versão foi apresentada ao Conselho. Mais uma vez era referente à islamofobia, mas também incluía a menção ao anti-semitismo e cristianofobia e foi votada como lei por uma pequena maioria. Porém, proteger o islã é claramente o foco da resolução.

2. O que está errado com a Resolução da Difamação da Religião

A Resolução da Difamação da Religião busca criminalizar palavras ou ações consideradas contra uma religião em particular, nesse caso, o Islã. Embora os proponentes justifiquem que o conceito da “difamação de religiões” proteja a prática religiosa e promova a tolerância, ela, na verdade, promove a intolerância e viola a liberdade de religião e de expressão para as minorias religiosas – especialmente cristãos.
Os direitos humanos são exatamente isso – direitos pertencentes a indivíduos – mas essa resolução procura dar esses direitos a uma religião específica. Ela vai contra a lei dos direitos básicos que existem para proteger os seres humanos, não as crenças religiosas ou os sistemas.
A Resolução da Difamação da Religião tem o poder de dar legitimidade internacional para leis nacionais que punem a blasfêmia ou, por outro lado, proíbem críticas a uma religião. Por exemplo, a lei da blasfêmia em alguns países tem sido usada para justificar ações que restringem seletivamente dissidentes civis, proíbe a critica de estruturas políticas e restringe os discursos religiosos das comunidades de fé minoritárias, afasta membros de crença majoritária e pessoas de fé religiosa. Sob essas leis, acusações criminais foram impostas contra os indivíduos por difamação, insulto, ofensa, afronta e blasfêmia ao islã, que frequentemente

3. A perseguição está realmente acontecendo?

Sim!

Paquistão:

As leis de blasfêmia no Paquistão são geralmente usadas de forma abusiva pelos muçulmanos como ferramenta de vingança contra cristãos e outras minorias em disputas por terras e outras questões. Nenhuma prova é necessária para acusar alguém de blasfêmia e levar essa pessoa à prisão.

Em 3 de março, Ruqqiya Bibi e seu marido Munir Masih foram sentenciados a 25 anos de prisão sob a Seção 295-B do Código Penal paquistanês por profanar o Alcorão. Eles foram presos pela polícia de Mustafabad em dezembro de 2008 por tocar no livro sagrado do islã sem se lavar conforme o ritual. A punição por profanar o Alcorão é prisão perpétua, o que equivale a 25 anos no Paquistão.

O casal foi acusado de usar o Alcorão para magia negra, e que durante o processo, Ruqqiya tocou no livro sem passar pelo ritual de limpeza. Também foram acusados de escrever o credo do islã nas paredes de sua casa. O advogado deles disse que a acusação surgiu de uma discussão entre crianças muçulmanas e cristãs que acabou em um conflito entre seus pais.

Sudão:

Outro incidente de abuso das leis da “difamação da religião” que teve muita publicidade foi um caso ocorrido em novembro de 2007, no qual uma professora britânica foi sentenciada a 15 dias de prisão por “insultar a religião”, após ter nomeado um ursinho de pelúcia “Maomé”. O nome foi escolhido em homenagem a um aluno popular na classe chamado Muhammad.

4. O que a Portas Abertas Internacional está fazendo?

A Portas Abertas Internacional está organizando uma ação que faz parte da campanha Free to Believe para conscientizar as pessoas sobre a ameaça dessa resolução para a liberdade religiosa e para impedir que ela seja votada na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Isso inclui:

A Portas Abertas Internacional está organizando uma petição global para coletar assinaturas em todo o mundo em apoio à liberdade religiosa e recomenda que a Resolução da Difamação da Religião seja rejeitada.
A Portas Abertas está trabalhando de forma diplomática nas Nações Unidas.

Muitos escritórios da Portas Abertas em diferentes países estão influenciando seus governos a destacar o assunto e aumentar a pressão para assegurar que muitas outras nações votem contra a resolução.

5. Por que é urgente?

A Resolução da Difamação da Religião tem sido apresentada na Organização das Nações Unidas desde 1999. Porém, tem havido uma diminuição significante no apoio à resolução nos últimos anos e existe uma grande chance de que ela seja rejeitada este ano. Ações conjuntas neste momento podem fazer toda a diferença.

Tentativas de influência consistentes, as ações populares e a consciência da mídia sobre o assunto são necessárias para alcançar o equilíbrio e, finalmente, derrotar a resolução. Até que seja rejeitada, ela continua dando legitimidade à legislação nacional como as leis de blasfêmia no Paquistão, que são usadas para restringir a liberdade religiosa, principalmente aos cristãos.

6. Relatório de votação da reunião na Assembleia Geral da ONU ano passado:

O esboço da resolução da difamação da religião (documento A/64/439/Add.2, parte II) foi adotado pela Assembleia Geral da ONU pelo registro de votos de 80 a favor, 61 contra, com 42 abstenções, conforme segue:

A favor: Afeganistão, Argélia, Angola, Azerbaijão, Barein, Bangladesh, Barbados, Belarus, Butão, Bolivia, Brunei, Camboja, Chade, China, Comores, Congo, Costa do Marfim, Cuba, República Democrática Popular da Coreia, República Democrática do Congo, Djibuti, Domínica, República Dominicana, Egito, El Salvador, Eritreia, Etiópia, Gabão, Guinea, Guiné-Bissau, Guiana, Indonésia, Irã, Iraque, Jordania, Cazaquistão, Kuweit, Quirguistão, República Democrática Popular do Laos, Líbano, Líbia, Malásia, Maldivas, Mali, Mauritânia, Marrocos, Moçambique, Mianmar, Namíbia, Nicarágua, Níger, Nigéria, Oman, Paquistão, Filipinas, Catar, Federação Russa, São Vicente e Granadinas, Arábia Saudita, Senegal, Cingapura, Somália, África do Sul, Sri Lanka, Sudão, Suriname, Suazilândia, Síria, Tadjiquistão, Tailândia, Togo, Tunísia, Turquia, Turcomenistão, Uganda. Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão, Venezuela, Vietnã, Iêmen.

Contra: Andorra, Austrália, Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chile, Croácia, Chipre, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Latvia, Listenstaine, Lituânia, Luxemburgo, Malta, ilhas Marshall, México, Micronésia (estados federais), Mônaco, Montenegro, Nauru, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Palau, Panamá, Papua Nova Guiné, Polônia, Portugal, República da Coreia, República da Moldávia, Romênia, Santa Lúcia, Samoa, São Marino, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, República da Macedônia, Timor Leste, Tonga, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai, Vanuatu.

Abstenção: Albânia, Antigua e Barbuda, Argentina, Armênia, Bahamas, Belize, Benin, Bósnia e Herzegovina, Botsuana, Brasil, Burquina Faso, Burundi, Camarões, Cabo Verde, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guine Equatorial, Fiji, Gana, Grenada, Guatemala, Haiti, Honduras, Índia, Jamaica, Japão, Quênia, Lesoto, Libéria, Malawi, Ilhas Mauricio, Mongólia, Nepal, Paraguai, Peru, Ruanda, São Cristóvão e Neves, Trindade e Tobago, Tuvalu, Tanzânia, Zâmbia.

Ausente: República Central Africana, Gâmbia, Quiribati, Madagascar, São Tomé e Príncipe, Seicheles, Serra Leoa, Ilhas Salomão, Zimbábue.

7. Quais países fazem parte da Organização da Conferência Islâmica?

Afeganistão, Albânia, Argélia, Azerbaijão, Barein, Bangladesh, Benim, Brunei, Burquina-Faso, Camarões, Chade, Comores, Costa do Marfim, Djibuti, Egito, Gabão, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Guiana, Indonésia, Irã, Iraque, Jordânia, Cazaquistão, Kuweit, Quirguistão, Líbano, Líbia, Malásia, Maldivas, Mali, Mauritânia, Marrocos, Moçambique, Níger, Nigéria, Oman, Paquistão, Palestina, Catar, Arábia Saudita, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Suriname, Síria, Tadjiquistão, Togo, Tunísia, Turquia, Turcomenistão, Uganda, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão, Iêmen.

Divulgue em sua Igreja

Ajude a conscientizar as pessoas sobre a ameaça contra a liberdade religiosa compartilhando sobre a campanha Free to Believe com seus amigos, sua Igreja e seu pequeno grupo. Participe e incentive o maior número de pessoas a assinar a petição.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Conservador: um horror!

No Brasil que é teu e meu
muito menos é um horror
um homem dizer-se ateu
do que um conservador.

O Estado é paternal,
o governo encardido,
e o eleitor que se dá mal
com o político bandido

O sindicato é uma máfia,
a justiça uma piada,
a universidade só empáfia
e a escola abandonada.

Assaltados por impostos,
abusados pelos juros,
não poupam nem os mortos,
nos carregam como a burros.

No Brasil que é teu e meu
muito menos é um horror
um homem dizer-se ateu
do que um conservador.

Todo mundo é marxista,
da polícia fala mal,
tem milico comunista,
tudo aqui é sem igual.

Tem padre esquerdista,
bispo liberal,
pastor que é abortista,
uma igreja anormal

Cristão que é progressista,
católico espiritualista,
mulher crente feminista,
puritano hedonista

No Brasil que é teu e meu
muito menos é um horror
um homem dizer-se ateu
do que um conservador.

Todo mundo qué rezistro
Na carteira pra trabaiá
Quem não tem ela assinada
É um pária, sai pra lá

Cesta-base, aviso-breve
Tique-alimentação
Brasil, um país de todos
que do governo comem na mão

Bolsa aqui, Bolsa acolá
que compra o voto do peão
que assim sem trabalhá
não compra nem Luis Vintão*

No Brasil que é teu e meu
muito menos é um horror
um homem dizer-se ateu
do que um conservador.

Aqui, ninguém pode ser culto,
desse todos falam mal,
pois é quase um insulto
saber mais que um animal

Estudo só certificado
pra emprego arrumar
ou concurso pro Estado
pra de suas tetas mamar

Um sonho: aposentadoria
pro churrasco aproveitar,
no futebol a alegria
de quem só pensa em descansar

No Brasil que é teu e meu
muito menos é um horror
um homem dizer-se ateu
do que um conservador.

Militar é condenado
Pelo zelo e por civismo
Guerrilheiro indenizado
por usar de terrorismo

Conservador é um ET
Por ninguém é compreendido
Que não é só contra o PT
mas contra qualquer partido

Pois aqui só há esquerda,
Socialismo universal.
A moral sofreu sua perda
Lembra um grande carnaval

No Brasil que é teu e meu
muito menos é um horror
um homem dizer-se Deus
do que um conservador.


* eu tinha colocado Lui Vitão, mas a sugestão do Edson Camargo (www.profetaurbano.blogspot.com), Luis Vintão, é muito mais legal.


postado por Fabio Blanco às 11:44

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Escravos da Verdade

"É preciso entregar-se de todo o coração para que a verdade se entregue. A verdade só está a serviço de seus escravos".

A.-D. Sertillanges, no livro 'A Vida Intelectual'

sábado, 16 de outubro de 2010

Manifesto Revolucionário Evangélico - parte 2

Ao ser confrontado pelo próprio autor do Manifesto Evangélico por um Processo Eleitoral Ético, por e-mail (o qual eu não publicarei, por ter sido enviado de maneira privada), vi-me na necessidade de responder-lhe. Assim o fiz. Abaixo segue a minha resposta.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Manifesto Revolucionário Evangélico

Começou a circular na internet um tal de Manifesto Evangélico por um Processo Eleitoral Ético, provavelmente gerado pelo sr. Ariovaldo Ramos (pois é dele a primeira assinatura), o qual conclama, principalmente, os evangélicos, a assinarem tal carta, a fim de manifestarem o seu repúdio aos caminhos que tem sido levado o processo eleitoral brasileiro.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Jesus Cristo absorveu a Lei

Já comentei sobre Romanos 10.4, que diz que Jesus Cristo é o fim da lei. Quero apenas fazer um adendo àquele comentário, afinal, ainda percebo muita confusão em relação a isso.

Muitos judeus messiânicos, querendo argumentar em favor da manutenção normativa da Torá, acabam por interpretar esse termo, fim, não como um término, mas apenas como finalidade. Segundo eles, a palavra fim (τελος) pode significar término, como também finalidade, e eles optam pela segunda a fim de justificar a permanência da Torá.

O que eles não compreendem é que toda finalidade denota um término, quando seu objetivo é atingido. Por exemplo, a finalidade do alimento é alimentar e, ao cumprir essa função, está ele extinto. A finalidade da tesoura é cortar o cabelo, e quando este é cortado, ela é abandonada. Aí alguns vão dizer: mas quando o cabelo crescer ela será usada de novo. Porém, tal analogia não seria perfeita, porque  se, no caso, Cristo é a finalidade, não pode ser comparado analogicamente com algo que necessita ser feito outra vez. A obra de Cristo é eterna e feita uma vez apenas. Ele como finalidade da Lei torna esta desnecessária, pois seu objetivo fora cumprido e não será necessária mais uma vez para isso.

O problema é que sempre citam o outro texto, de Mateus 5.17, no qual Jesus diz que veio cumprir a Lei. Não atentam, porém, que o cumprimento da Lei é exatamente a sua finalidade, ou seja, sua satisfação. Aliás, esse é o sentido da palavra em grego (πληρῶσαι), que significa preenchimento, satisfação.

Também não observam que aquilo que é a finalidade não necessariamente abole o que passou, mas absorve. Jesus Cristo não, simplesmente, aboliu a Torá, mas a absorveu para si, sendo Ele o cumprimento dela. Com isso, também, fica compreensível a idéia de eternidade da Torá. Sim, ela é eterna, mas agora em Cristo, que a absorveu e a cumpriu. 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A sanidade da humildade

"Somente os humildes é que são completamente sãos, pois apenas eles é que vêem claramente o seu próprio tamanho e as suas limitações"

A. W. Tozer, no livro 'Este Mundo: lugar de lazer ou campo de batalha?'

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Desabrigado

"Pois quem quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará" Mc 8.35

Na complexidade da vida, os caminhos mais perfeitos nem sempre são os mais seguros. Há uma boa dose de risco em se colocar sob a Verdade. No entanto, o perigo é apenas para a tua parte mortal, sendo que a outra parte, a imortal, encontra ali seu porto seguro.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

As Ideias dos Náufragos

Compartilho um dos trechos mais profundos que já li em algum livro. Está no "Rebelião das Massas", de José Ortega e Gasset:

"O homem de mente clara é o que se liberta dessas ideias fantasmagóricas e olha de frente para a vida, e se conscientiza de que tudo nela é problemático, e sente-se perdido. Como isso é a verdade pura - ou seja, que viver é sentir-se perdido -, aquele que o aceita já começou a se encontrar, já começou a descobrir sua realidade autêntica, já está em terra firme. Instintivamente, como o náufrago, buscará algo a que se agarrar, e esse olhar trágico, peremptório, absolutamente verdadeiro porque se trata da salvação, o fará ordenar o caos de sua vida. Essas são as únicas ideias verdadeiras: as ideias dos náufragos. O resto é retórica, postura, farsa íntima".

Logo, comentarei esse trecho do livro.

sábado, 2 de outubro de 2010

Resposta de Marina apenas confirma Malafaia

Prometo que esta é a última sobre Marina Silva (isso está até parecendo obsessão).

O problema é que me incomoda ver cristãos, não votando nela, já que as opções não são tantas assim, mas a defendendo e a colocando como se ela fosse uma representante da cristandade brasileira.
Pois bem, se observarmos esta matéria que saiu no Portal IG, sobre os comentários da própria Marina sobre a mudança de voto do pastor Malafaia, podemos perceber o que ela realmente defende. Comento o que lá está publicado textualmente:

"As posições que eu assumi estão há mais de um ano sendo explicitadas"

Aqui, Marina não nega nada do que o Malafaia disse. Apenas coloca em dúvida as razões do pastor (o que a mim também me pareceu estranho). No entanto, o restante do texto diz tudo.

"Eu disse que casos de alta complexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, deveriam ser debatido pela sociedade na forma de plebiscito"

Como boa relativista de esquerda, a candidata entende que mesmo questões ontológicas ou espirituais, como a vida humana, devem ser 'debatidas' e decididas pela sociedade. Aqui é mais uma prova que sua formação e ideologia são ainda muito superiores à sua fé. Para ela, a sociedade (no fundo o Estado) é a grande definidora das questões mais transcedentais. Isso é ou não é uma idolatria? Isso é cristianismo? Meu irmão, se você acredita que a sociedade tem autoridade para definir o valor da vida, ela terá autoridade para tudo, inclusive para fechar a sua igreja, inclusive para calar a sua boca. Desculpe-me, mas há coisas que a sociedade não tem competência (apesar de possuir um poder temporal) para decidir. Como cristã, Marina deveria, simplesmente, dizer que é contra o aborto, e ponto!

"A própria Marina disse que foi alvo desses boatos, que tentavam potencializar sua posições sobre temas polêmicos, tentando tachá-la de “conservadora” e “fundamentalista religiosa”.

Prestem atenção, e aqui há o descortinamento da verdadeira personalidade política de Marina Silva: ela não tem medo de ser vista como uma defensora do aborto, já que não levanta um sussurro sequer contra ele, mas treme diante do fato de ser tachada de fundamentalista religiosa e conservadora. Ser isto, para ela, é boato!!! Para mim, decididamente, seria um grande elogio!

Vocês estão procurando um representante cristão na presidência? Acho que acharam na pessoa errada.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Uma previsão profética

Antes de 1920, H. A. Ironside, pastor e teólogo canadense, escreveu em seus estudos sobre o Livro de Daniel, em relação à revelação da estátua de pés de ferro e barro: "Naquele dia, o ferro do poder imperial estará misturado com a olaria frágil do socialismo e da democracia, mas esses elementos não se ligarão um ao outro".

Aquele dia é o dia em que a pedra, o Messias, cairá sobre o último reino gentio, o qual estará formado já no tempo do Anticristo.

E o que vemos ser preparado em todo o mundo ocidental? São exatamente governos socialistas que, a despeito de toda história de despotismo e tirania, reverberam palavras democráticas, como se fossem eles os verdadeiros defensores da liberdade.

Então, sabendo que a remoção total da democracia formal não é viável, acabam por criar Estados socialistas com aparência de democracia. São  tiranias (ferro) de fato, no entanto, com aparência frágil de democracia (barro).

Alguém duvida que Ironside estava certo?

domingo, 26 de setembro de 2010

O Único Caminho

Há muitas razões para eu ser cristão. No entanto, o ser cristão não foi uma opção, mas, pelo contrário, foi a completa ausência de opção. Quando nos deparamos com a Verdade, não se coloca à nossa frente uma escolha, mas nos resta apenas a conformação. É certo que sempre podemos optar pela mentira, mas essa não é uma escolha real, somente um fechar de olhos, uma fuga. Fora da realidade o que há não é um caminho, mas um abismo. Quando dizemos que Cristo é o único caminho, é porque longe dele não são caminhos que se apresentam, mas desvios. Jesus não é o único caminho correto, Ele é o único caminho existente.

Fabio Blanco

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O orgulho é uma cerca que, armada para nos proteger, serve apenas para nos isolar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Marina Silva é contra o aborto, mas...

Quando a candidata Marina Silva diz ser, pessoalmente, contra o aborto, mas ressalta que é a favor de um plebiscito sobre o assunto, porque esta é uma matéria importante e passível de discussão, ela não está, como alguns acreditam, simplesmente, “fazendo uma média” com os eleitores. Ela realmente acredita nisso e esse pensamento é fruto de sua formação progressista.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Boa Companhia

Quer a companhia dos santos e dos gênios, porque eles estimulam o que há de melhor em ti. Para os invejosos e medíocres dê tua compaixão e o teu carinho. Lembra-te que muitos se paralisam por causa da inveja, se contorcendo com a indigestão de não poderem ter o que vêem no outro. Tu, no entanto, deleita-te nos bens superiores do teu próximo, pois, mesmo que não sejas como ele, te aproximarás, ainda assim, do céu.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Alguns pregadores modernos, alimentados por uma ideia de justiça apenas horizontal, aquela justiça baseada no conceito marxista de distribuição de riquezas, têm dificuldades de entender a justiça vertical divina. Por isso, substituem a justiça humana pela graça somente, deixando um tanto manca a atuação de Deus sobre os homens.

Sábado passado, ao comparecer a um culto de ação de graças pelo aniversário de ministério de um ex-pastor meu, tive a oportunidade de ouvir a pregação de um badalado pastor de uma igreja batista de São Paulo. Sua palavra (aliás, um samba de uma nota só, que ele e seus amigos costumam cantar), mesmo demonstrando alguma erudição bíblica, pecou na estrutura mesma de sua ideia.

Ele, como outros pregadores de mesma ideologia, costumam tecer críticas contundentes contra aqueles os quais chamam de dogmáticos, fundamentalistas, fanáticos religiosos. Se debatem contra o que denominam de legalismo, de falta de amor nas relações eclesiásticas e de insensibilidade por excesso de doutrina.

No entanto, esses pregadores pecam menos na crítica do que na solução. Enxergando a ação de Deus como contrária à justiça tortuosa dos homens, vêem naquela mesma ação não a substituição pela justiça divina, mas a atuação unicamente da graça de Deus.

O que parece que eles não entendem é que a graça divina não é um ato isolado em si mesmo, como não é a própria justiça. Não existe graça sem justiça e não existe justiça sem graça.

Por exemplo, o pregador citou a parábola dos trabalhadores (Mt 20.1-16), segundo a qual o senhor contrata trabalhadores em horários distintos, pagando o mesmo valor para todos os eles. Segundo sua interpretação, o senhor ali não fez justiça, porque o que estava em evidência era sua graça.

Tal interpretação dava subsídios para o pregador permanecer em suas críticas contra o dogmatismo, contra o fundamentalismo, contra o doutrinarianismo e tudo o que se refere ao que ele entende como conservadorismo fanático cristão. Inflando a graça, extingue a justiça e derruba na base muitos dos fundamentos dos conservadores.
Ocorre que aí reside um grave erro da visão socialista de justiça! É óbvio que o senhor da parábola não cometeu injustiça alguma contra aqueles trabalhadores, pois pagou o que havia acertado com cada um. Numa visão de justiça horizontal (tipicamente socialista), parece que a atitude do senhor fora injusta. Porém, enxergando o senhor como alguém que nada deve, em princípio, aos trabalhadores, e tendo acertado com eles um valor específico, não se pode dizer que ao pagar o mesmo salário por jornada diversas tenha cometido injustiça. Esta é a justiça vertical: paga de acordo com o acertado. Cada trabalhador possuindo sua relação pessoal com o seu patrão. Onde está a injustiça? Onde está a graça? Não é disso que a parábola fala.

Deus, da mesma forma, nada deve a nenhum de nós. Paga conforme o acertado. Os judeus, objetos específicos do sentido da parábola contada por Jesus, não deveriam achar que a extensão da mensagem salvadora aos gentios era uma injustiça contra eles, o povo escolhido há muitos anos antes. O que Deus havia prometido a eles estava sendo cumprido e seria cumprido fielmente. Se o mesmo Deus resolveu fazer uma nova aliança com um novo povo, isso não era injusto e não tinha nada a ver com eles. A parábola não fala da graça, ao menos não como fator principal da questão. O pregador, ao dar ênfase à graça de Deus nesta passagem específica, distorce o sentido original, retirando uma ideia que considera falha, colocando outra que não diz nada.

Na verdade, essa substituição carrega dentro de si o peso da ideologia que o pregador traz consigo. Tendo como inimigos públicos os conservadores, chamados por ele de fundamentalistas e legalistas, o pregador estica a corda para o lado oposto e encontra a solução numa graça divina pura, que a todos contempla e que não faz justiça por ser bom com todos, tornando a justiça, na verdade, desnecessária. Como se o senhor da parábola estivesse dando algo gratuitamente para os trabalhadores, e não uma contraprestação do trabalho prestado. Ora, há diversas passagens na qual a graça de Deus é evidenciada, no entanto, a parábola dos trabalhadores não é uma delas.

Apenas fique claro que não estou fazendo apenas uma crítica à interpretação teológica do pregador, isso é o de menor importância. O que eu quero evidenciar é o núcleo do pensamento desses pastores, padres e escritores cristãos que são mais socialistas que cristãos. Como o que eles defendem é uma justiça social plena (segundo as bases do socialismo), têm o liberalismo conservador como um inimigo declarado. Assim, ao criticar toda forma de injustiça humana, personificada, é óbvio, na ação desses fundamentalistas, enfatizam a graça divina de maneira tão distorcida, que a justiça de Deus se torna absolutamente irrelevante.

Porém, Deus é justo e há, sim, uma atuação de justiça corrretiva e punitiva sobre os homens. Esconder isso é aleijar as formas de atuação de Deus. Tendo inimigos declarados, criam um Deus à sua imagem e semelhança, idealizado pela sua ideologia. Deus torto, que distribui sua graça, mas silencia na injustiça.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Jó - Introdução III

A moderna religião, seguindo a tendência do pensamento contemporâneo, tem simplificado demais sua concepção de existência e de relação homem-Deus e homem-mundo. A complexidade é rejeitada como algo incompatível com a vida cristã abençoada. O sofrimento é visto como fruto do pecado ou correção divina.

Diante disso, para quem assim enxerga, o livro de Jó é uma verdadeira pedra de tropeço. Quantos já não se enganaram ao tentar explicar a razão do sofrimento. E erraram já de princípio, ao tentar justificá-lo. Mesmo com o exemplo dos amigos de Jó, muitos teólogos e líderes cristãos foram seduzidos pelo desejo de explicar os motivos para o que aconteceu. A despeito de estar já no próprio texto evidente que aqueles amigos do personagem erraram fazendo isso, esses cristãos conseguiram se manter cegos quanto à lição de Deus e mergulharam em um buraco já bem sinalizado.

Isso apenas acontece porque a idéia da narrativa bíblica em Jó é demasiadamente contrastante com nossa experiência religiosa hodierna. Para esta, religião é solução; é retirar-se da incerteza a fim de viver a verdade; é encontrar realmente uma resposta. Porém, mesmo que essas definições estejam corretas em seus termos, elas apenas podem assumir um significado real se passarem pelo crivo da experiência real. No nível do discurso não há qualquer objeção, porém, na prática da experiência existencial as coisas precisam ser mais bem definidas.

Esta é apenas uma Introdução, portanto, não vou destrinchar todas as nuances da relação do leitor com o livro. Apenas quero dizer que sua leitura é maravilhosa exatamente por causa desses pontos de tensão e uma análise correta, humana e espiritual daquelas linhas pode conduzir o leitor a uma visão muito mais ampla da vida e do ser.

A leitura cuidadosa do livro possibilita uma compreensão profunda da complexidade da existência. Também permite uma ampliação responsável da própria idéia de religião. E, ainda mais, autoriza um implemento impressionante da idéia mesma de conhecimento. Mas tudo isto não aparece ao leitor apressado ou desinteressado. Apenas vai atingir aquele que se permite guiar pela narrativa, se deixa conduzir pela sequência da história e argumentos e mergulha de cabeça no mar existencial que está menos nas frases e nas idéias e mais nas razões psicológicas envolvidas.

E se há alguns que pretenderam e pretendem negar a inspiração divina do livro de Jó, ao menos para mim, a maior prova de que foi o próprio Deus quem, por meio de algum seu servo, escreveu aquelas linhas, é quão profundamente a narração pôde penetrar na alma e na mente daqueles personagens, além de não com menos força penetrar em nossa própria alma para alcançar os mais recônditos temores que existem dentro de nós.

Se a obra fosse um mero romance, diríamos que o autor conseguiu milagrosamente enxergar, como em uma máquina de raio-x, o que há de mais escondido dentro da alma humana. Porém, como aquela é uma obra de Deus, não há surpresa nisso, apenas mais um motivo de adoração do Senhor do universo.

Para mim, isso basta! 

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Jó - Introdução II

Não há nada mais humano do que o sofrimento. Nele reconhecemos quem exatamente somos: nossa pequenez, nossa fragilidade, nossos medos e nossas razões de existência. De alguma forma, o livro de Jó nos remete a tudo isso e, apesar de não ser o nosso sofrimento, não sei se pela perfeição literária ou pela profundidade do tema, ele consegue fazer com que nos envolvamos realmente em sua história.

Há, ainda, um choque mais profundo. O conteúdo existencial da obra é altamente contrastante com a nossa moderna experiência religiosa. Em uma época na qual buscamos respostas prontas, na qual a religião é vista quase somente como o elixir pacificador da alma humana, na qual o místico é simplesmente a experiência do desconhecido e o próprio cristianismo deixa de ser um corpo mais ou menos estruturado de doutrinas, toda a sequência do livro parece destoar da harmonia segura da música religiosa moderna.

Quem enxerga a religião como um corpo ritualístico que responde até as mais comezinhas indagações, sente um desconforto abissal ao ler o livro de Jó. Praticamente toda a narrativa parece induzir à negação da fé. Pelo menos, conduzir ao cinismo da ausência da autonomia humana, sob o jogo das forças superiores do universo; sob o jugo inexorável da vontade de Deus.

O real contraste se dá porque o cristão moderno espera que sua fé o previna do imponderável. Se antes, o fiel, ainda pecador, se sentia à deriva em um mundo que o conduzia para o abismo, em Cristo ele crê, sinceramente, que todas as coisas estão resolvidas e que, sendo já um vencedor, nada mais poderia o abalar. Sua segurança não é apenas da salvação, mas de toda uma teia de proteção providenciada por Deus a fim de não permitir que os males desta vida o atinjam.

Ao ler o livro, no entanto, todos os fantasmas surgem de uma vez. Ora, se aquilo tudo está escrito na Bíblia, será que eu posso sofrer das mesmas mazelas que o personagem principal? Neste momento, o leitor tem duas opções: crê que tudo aquilo não se aplica a ninguém mais, e sim apenas a Jó, ou perde definitivamente toda a segurança. No entanto, é aí que se inicia a grande viagem na experiência do personagem.

Continua...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Jó - Introdução I

Nós, leitores, ao passearmos pelas linhas do livro de Jó, somos abarcados por uma insegurança indescritível. E quanto mais compenetrada for nossa leitura, maior será este sentimento. Há, sim, um maremoto de emoções que deixam estupefatos aqueles que se atrevem a mergulhar no mar de dúvidas e falsas certezas que compõem boa parte dessa obra. E diante disso não há como evitarmos os questionamentos sobre as razões do sofrimento, principalmente de alguém tão bom como o personagem central.

Não creio, sinceramente, que esta seja a experiência do leitor moderno apenas. Acredito que desde a primeira pessoa que leu aquelas linhas houve, em geral, a erupção dos mesmos sentimentos. Aliás, podemos ir além, e dizer que na própria história já há, entre seus personagens humanos, um amálgama de inseguranças e certezas que simplesmente espirram na alma do leitor, como em uma projeção do livro para o coração do homem.

Porém, se engana quem acredita que a emoção da obra está na profundidade da narrativa, na beleza poética ou na trágica história do personagem principal. Nada disso! Aquele livro nos toca profundamente simplesmente porque amamos nossas próprias vidas. Nele, vemos a nós mesmos ou, ao menos, a possibilidade trágica que nos rodeia. O sofrimento de Jó nos toca porque, de alguma maneira, sentimos nossa própria vulnerabilidade diante do imponderável. Independente de procurarmos algum sentido naquilo tudo, ainda que houvesse algum, seria algo que estaria além de nosso poder de intromissão, o que nos deixa, de qualquer jeito, sujeitos a forças inexoráveis. Quem chora por Jó, chora menos por ele e mais por si mesmo.

De qualquer maneira, estamos diante de uma riqueza literária estupenda. Porém, mais que isso, há um tesouro existencial, psicológico e espiritual impressionante em suas páginas. A complexidade mental dos diálogos, o caminho misterioso dos motivos do sofrimento do personagem, além do desfecho deslumbrante e poético, tornam a obra magnificamente impactante.

Apesar de parecer paradoxal, seu material é altamente perturbador, ao mesmo tempo que é reconfortante. Ele consegue nos deixar desconfortáveis todo o tempo, em nosso acompanhamento do desenrolar dos fatos e argumentos sem conseguirmos tomar parte decisiva de nenhum deles. Todas as falas parecem corretas, mas inconstantes; lógicas, mas incompletas; justas, mas insuficientes. Vacilamos durante quase toda a leitura e nossa respiração parece até ficar suspensa por alguns momentos. No entanto, o paradoxal conforto acontece não apenas no desfecho da história, com uma das declarações mais belas de toda a Bíblia, mas existe no desenvolvimento de todo o enredo mesmo. Isso porque a saga de Jó nos torna mais humanos, nos faz ver um pouco do que somos e de nossa vida. Apesar do sofrimento, e até por causa dele, sentimos a dor do personagem e suas dúvidas se tornam também as nossas; seus desabafos parecem até sair de nossa boca.

Continua...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Há duas coisas que não possuem limites: a maldade e a ignorância.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Para quem não sabe, a foto no canto de meu blog é do filósofo Olavo de Carvalho, hoje, também, com muito orgulho, meu professor. E por que essa homenagem? Simplesmente porque é necessário que minha consciência esteja limpa em relação às idéias que exponho neste espaço. 

Conheci o professor em meados de 1998, quando adquiri, por mera curiosidade acerca do título, o livro "O Imbecil Coletivo". Naquela época, eu, que já era um leitor voraz, porém conduzido pela maré cultural vigente, progressista e modernista, propagandeava as idéias básicas da comunidade esquerdista. Mesmo sem jamais ter sido um eleitor de partidos tipicamente de esquerda, repetia os mesmos chavões vociferados por eles e, principalmente, pelos seus asseclas da intelligentzia. Me sentia assim um jovem de vanguarda, sem preconceitos, um cristão liberal, solto das amarras da tradição. Estava bem acompanhado de pastores e líderes religiosos também modernos, que não se viam como parte do grupo reacionário e dogmático, como eles se referiam.

Voltando ao livro do professor Olavo, quando comecei a lê-lo, tomei o primeiro susto ao ver o encarte que acompanhava a obra. Um questionário engraçadíssimo sobre como o leitor poderia interpretar aquele trabalho. Nunca tinha visto ninguém se referir a si mesmo como um "mistifório reacionário", por exemplo, já dando para os seus críticos o arsenal pronto para bombardeá-lo. Aquilo, para mim, além de absolutamente original me fez ficar muito curioso quanto ao conteúdo que vinha adiante.

Lendo a obra, não sei descrever bem minha impressão e reação. Na verdade, era uma mistura de estranheza, incompreensão, susto e atração. Mesmo sem compreender como alguns "ídolos"poderiam ser destruídos daquele jeito por um, ao menos para mim, desconhecido, não conseguia parar de ler e ser absorvido pela maneira absolutamente coerente e irretrucável como o autor expunha seu pensamento.

Ao fim da leitura, tive a certeza que eu não era mais o mesmo. Caíram os totens, ruíram as imagens de barro que estavam tão orgulhosamente postas em minha estante mental. Mesmo sem ter me tornado automaticamente o conservador retrógrado que sou hoje, o caminho já estava traçado. Naquele momento, a estrada certa que eu seguia foi tomada por uma nuvem e suspendi minhas certezas políticas e filosóficas, revendo meus conceitos. Claro que isso durou algum tempo, afinal havia toda uma gama de novos autores, novas idéias que precisavam ser consultadas e analisadas para que eu pudesse fazer uma honesta comparação.

E as comparações foram devidamente feitas. Lendo autores conservadores pude compreender o quão estava equivocada a visão progressista e como os ideais utópicos da esquerda eram falsos e maléficos. Mais ainda, dei-me conta do quanto fui enganado, usurpado em minha consciência, roubado em minha possibilidade de aprender as coisas como elas devidamente são. Percebi que durante toda a minha vida fui um receptáculo passivo de todo o lixo gramsciano, preenchido até a boca de palavras vazias que tinham o intuito único de agradar, mas não de demonstrar o que é real.

Voltando ao professor Olavo, minha homenagem é mais do que um agradecimento, é um reconhecimento de que ele foi a pessoa que me indicou, e até hoje me indica, o caminho das pedras para a compreensão de todo um cenário político e filosófico que se encerra diante de nós. E não tenho o mínimo receio de ser tachado como seu discípulo, ou como alguns pejorativamente chamam, de "olavete". Isso é besteira. Todos precisam de mestres, de pessoas que sejam seus conselheiros intelectuais, que ensinem o que eles mesmos aprenderam e, de alguma maneira, encurtem o caminho que seus alunos devam trilhar. Como o próprio Olavo, que não deixa dúvidas de que ele mesmo teve seus mestres, não me envergonho em nada em dizer que ele é o meu professor e dele absorvo o que há de mais profundo em matérias políticas e filosóficas.

Um dos motivos que me fez expor tudo isso é ver como tantos outras pessoas que passaram pelo ensinamentos do mestre, que absorveram dele quase tudo o que hoje proclamam aos quatro cantos, simplesmente agem como se tudo o que tivessem adquirido de conhecimento fosse fruto de suas próprias pesquisas e estudo. Uns têm a petulância ainda de dizer que o Olavo deu sua contribuição, mas já está superado; outros, talvez por um resquício de consciência, de vez em quando fazem uma citação quase que envergonhada de algo que o professor disse; e há outros, ainda, que simplesmente repetem aquilo que primeiramente foi dito por Olavo de Carvalho omitindo completamente a fonte. O caso da ligação do PT com as FARC tem sido assim: articulistas, como o Reinaldo Azevedo, por exemplo, falam do Foro de São Paulo se referindo a ele como algo de notório conhecimento público, omitindo que, por muito tempo, Olavo de Carvalho fora uma voz quase isolada de denúncia daquele grupo.

Por essas e outras que achei devido colocar em meu próprio blog a indicação de que, tendo consciência de que o que tenho aprendido com Olavo de Carvalho é algo que durará por toda a minha vida, minha dívida filósofica com ele é perpétua. Perpétua porque após a morte não sei o que carregaremos daqui e o que nos será acrescentado. No entanto, nesta vida, minha dívida permanece.

Talvez alguns estejam enxergando nesse meu depoimento algum tipo de idolatria. Erram completamente os que entenderem assim. Minha admiração por Olavo não é pessoal, é intelectual - até porque não o conheço pessoalmente. Minha dívida é a gratidão por saber que sem a sua orientação ainda estaria repetindo os mesmos chavões dos senhores da academia. 

Se existe alguma coisa que falta neste mundo novo é isto: a gratidão. Não quero cair neste erro.

sábado, 24 de julho de 2010

A dominação pela educação sexual (ONU e UNESCO)

Os governos mais autoritários foram também aqueles que mais atraíram a juventude. O nazismo e  o comunismo sempre foram ideologias de jovens, os quais eram bajulados pelo governo, a fim de sentirem-se poderosos como parte das suas metas genocidas. Aproveitando-se da revolta latente, fruto do choque de gerações, esses governos sempre tiveram na juventude sua massa de manobra, obtendo dela a força e vitalidade que talvez faltasse aos líderes já um tanto mais velhos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma coisinha insignificante chamada 'verdade'

Quando há alguns dias eu, em uma mensagem na igreja, disse que tinha a convicção de que nem todas as pessoas ali eram salvas, percebi que a comoção com o que havia dito fora além do que era esperado. Na verdade, algumas pessoas ficaram um tanto indignadas, acreditando que minhas palavras não foram bem colocadas. Percebi que houve um certo desconforto em algumas pessoas, o que fez com que não aceitassem bem o que eu falei.

O principal argumento que ouvi, tentando contrariar minhas palavras, foi, não que eu estivesse errado, mas que, talvez, o que eu dissera não tenha sido bem colocado, não tenha sido a maneira correta de dizer aquilo. Sem ter encontrado um argumento sequer contra o que falei, as contestações todas se basearam apenas na impressão das minhas palavras, não em seu conteúdo.

Ora, não houve contestação porque é evidente que nem todos, dos que se dizem fazer parte da Igreja universal de Cristo, são salvos e, por uma mera questão estatística, assim é também em qualquer igreja local. Se nem todos são salvos na Igreja universal porque todos seriam em uma igreja local? Uma igreja local que se arrogar no direito de acreditar que todos os seus membros são salvos está agindo com grande petulância, querendo ser mais pura do que a Igreja universal de Cristo.

Mas o problema não é esse, pois ali reside apenas uma questão de compreensão lógica das coisas. O que surpreende é a reação instintiva a algumas palavras desagradáveis, com a conseqüente condenação do interlocutor pelo pecado de dizer a verdade, porém verdadeira demais para ouvidos tão sensíveis. As pessoas preferem ouvir coisas que massageiem suas convicções e frases que fortaleçam suas idéias. Ignorando completamente a realidade, trocam o desconforto que salva, pela condenação que promete o conforto.

Isso ocorre porque somos treinados, desde muito jovens, a não descrevermos as coisas como elas são verdadeiramente. Desde que iniciamos nossa carreira social, aprendemos a fingir concordância, a dar sorrisos insinceros, a calar a boca mesmo diante do erro alheio. Um pouco mais crescidos, somos convocados a sermos bajuladores, puxa-sacos, fingidos e cínicos. Assim, nos graduamos em viver de impressão, a falar o que agrada, a desprezar a realidade em favor de palavras que angariem aplausos. Nos tornamos, portanto, adultos incapazes de sinceridade, cegos para a realidade e impossibilitados de descrever uma simples apreensão.

O que nos tornamos, na verdade, é em crianças grandes e mimadas, loucos por atenção e aprovação, dispostos a tudo, inclusive sufocar toda e qualquer realidade, pelo prazer de nos sentir amados. A verdade? Esta é dispensável, pois vale mais o sentimento! Por que me indispor e ser mal visto? Só por causa de uma coisinha insignificante chamada 'verdade? Assim pensa a maioria...