domingo, 26 de setembro de 2010

O Único Caminho

Há muitas razões para eu ser cristão. No entanto, o ser cristão não foi uma opção, mas, pelo contrário, foi a completa ausência de opção. Quando nos deparamos com a Verdade, não se coloca à nossa frente uma escolha, mas nos resta apenas a conformação. É certo que sempre podemos optar pela mentira, mas essa não é uma escolha real, somente um fechar de olhos, uma fuga. Fora da realidade o que há não é um caminho, mas um abismo. Quando dizemos que Cristo é o único caminho, é porque longe dele não são caminhos que se apresentam, mas desvios. Jesus não é o único caminho correto, Ele é o único caminho existente.

Fabio Blanco

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O orgulho é uma cerca que, armada para nos proteger, serve apenas para nos isolar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Marina Silva é contra o aborto, mas...

Quando a candidata Marina Silva diz ser, pessoalmente, contra o aborto, mas ressalta que é a favor de um plebiscito sobre o assunto, porque esta é uma matéria importante e passível de discussão, ela não está, como alguns acreditam, simplesmente, “fazendo uma média” com os eleitores. Ela realmente acredita nisso e esse pensamento é fruto de sua formação progressista.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Boa Companhia

Quer a companhia dos santos e dos gênios, porque eles estimulam o que há de melhor em ti. Para os invejosos e medíocres dê tua compaixão e o teu carinho. Lembra-te que muitos se paralisam por causa da inveja, se contorcendo com a indigestão de não poderem ter o que vêem no outro. Tu, no entanto, deleita-te nos bens superiores do teu próximo, pois, mesmo que não sejas como ele, te aproximarás, ainda assim, do céu.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Alguns pregadores modernos, alimentados por uma ideia de justiça apenas horizontal, aquela justiça baseada no conceito marxista de distribuição de riquezas, têm dificuldades de entender a justiça vertical divina. Por isso, substituem a justiça humana pela graça somente, deixando um tanto manca a atuação de Deus sobre os homens.

Sábado passado, ao comparecer a um culto de ação de graças pelo aniversário de ministério de um ex-pastor meu, tive a oportunidade de ouvir a pregação de um badalado pastor de uma igreja batista de São Paulo. Sua palavra (aliás, um samba de uma nota só, que ele e seus amigos costumam cantar), mesmo demonstrando alguma erudição bíblica, pecou na estrutura mesma de sua ideia.

Ele, como outros pregadores de mesma ideologia, costumam tecer críticas contundentes contra aqueles os quais chamam de dogmáticos, fundamentalistas, fanáticos religiosos. Se debatem contra o que denominam de legalismo, de falta de amor nas relações eclesiásticas e de insensibilidade por excesso de doutrina.

No entanto, esses pregadores pecam menos na crítica do que na solução. Enxergando a ação de Deus como contrária à justiça tortuosa dos homens, vêem naquela mesma ação não a substituição pela justiça divina, mas a atuação unicamente da graça de Deus.

O que parece que eles não entendem é que a graça divina não é um ato isolado em si mesmo, como não é a própria justiça. Não existe graça sem justiça e não existe justiça sem graça.

Por exemplo, o pregador citou a parábola dos trabalhadores (Mt 20.1-16), segundo a qual o senhor contrata trabalhadores em horários distintos, pagando o mesmo valor para todos os eles. Segundo sua interpretação, o senhor ali não fez justiça, porque o que estava em evidência era sua graça.

Tal interpretação dava subsídios para o pregador permanecer em suas críticas contra o dogmatismo, contra o fundamentalismo, contra o doutrinarianismo e tudo o que se refere ao que ele entende como conservadorismo fanático cristão. Inflando a graça, extingue a justiça e derruba na base muitos dos fundamentos dos conservadores.
Ocorre que aí reside um grave erro da visão socialista de justiça! É óbvio que o senhor da parábola não cometeu injustiça alguma contra aqueles trabalhadores, pois pagou o que havia acertado com cada um. Numa visão de justiça horizontal (tipicamente socialista), parece que a atitude do senhor fora injusta. Porém, enxergando o senhor como alguém que nada deve, em princípio, aos trabalhadores, e tendo acertado com eles um valor específico, não se pode dizer que ao pagar o mesmo salário por jornada diversas tenha cometido injustiça. Esta é a justiça vertical: paga de acordo com o acertado. Cada trabalhador possuindo sua relação pessoal com o seu patrão. Onde está a injustiça? Onde está a graça? Não é disso que a parábola fala.

Deus, da mesma forma, nada deve a nenhum de nós. Paga conforme o acertado. Os judeus, objetos específicos do sentido da parábola contada por Jesus, não deveriam achar que a extensão da mensagem salvadora aos gentios era uma injustiça contra eles, o povo escolhido há muitos anos antes. O que Deus havia prometido a eles estava sendo cumprido e seria cumprido fielmente. Se o mesmo Deus resolveu fazer uma nova aliança com um novo povo, isso não era injusto e não tinha nada a ver com eles. A parábola não fala da graça, ao menos não como fator principal da questão. O pregador, ao dar ênfase à graça de Deus nesta passagem específica, distorce o sentido original, retirando uma ideia que considera falha, colocando outra que não diz nada.

Na verdade, essa substituição carrega dentro de si o peso da ideologia que o pregador traz consigo. Tendo como inimigos públicos os conservadores, chamados por ele de fundamentalistas e legalistas, o pregador estica a corda para o lado oposto e encontra a solução numa graça divina pura, que a todos contempla e que não faz justiça por ser bom com todos, tornando a justiça, na verdade, desnecessária. Como se o senhor da parábola estivesse dando algo gratuitamente para os trabalhadores, e não uma contraprestação do trabalho prestado. Ora, há diversas passagens na qual a graça de Deus é evidenciada, no entanto, a parábola dos trabalhadores não é uma delas.

Apenas fique claro que não estou fazendo apenas uma crítica à interpretação teológica do pregador, isso é o de menor importância. O que eu quero evidenciar é o núcleo do pensamento desses pastores, padres e escritores cristãos que são mais socialistas que cristãos. Como o que eles defendem é uma justiça social plena (segundo as bases do socialismo), têm o liberalismo conservador como um inimigo declarado. Assim, ao criticar toda forma de injustiça humana, personificada, é óbvio, na ação desses fundamentalistas, enfatizam a graça divina de maneira tão distorcida, que a justiça de Deus se torna absolutamente irrelevante.

Porém, Deus é justo e há, sim, uma atuação de justiça corrretiva e punitiva sobre os homens. Esconder isso é aleijar as formas de atuação de Deus. Tendo inimigos declarados, criam um Deus à sua imagem e semelhança, idealizado pela sua ideologia. Deus torto, que distribui sua graça, mas silencia na injustiça.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Jó - Introdução III

A moderna religião, seguindo a tendência do pensamento contemporâneo, tem simplificado demais sua concepção de existência e de relação homem-Deus e homem-mundo. A complexidade é rejeitada como algo incompatível com a vida cristã abençoada. O sofrimento é visto como fruto do pecado ou correção divina.

Diante disso, para quem assim enxerga, o livro de Jó é uma verdadeira pedra de tropeço. Quantos já não se enganaram ao tentar explicar a razão do sofrimento. E erraram já de princípio, ao tentar justificá-lo. Mesmo com o exemplo dos amigos de Jó, muitos teólogos e líderes cristãos foram seduzidos pelo desejo de explicar os motivos para o que aconteceu. A despeito de estar já no próprio texto evidente que aqueles amigos do personagem erraram fazendo isso, esses cristãos conseguiram se manter cegos quanto à lição de Deus e mergulharam em um buraco já bem sinalizado.

Isso apenas acontece porque a idéia da narrativa bíblica em Jó é demasiadamente contrastante com nossa experiência religiosa hodierna. Para esta, religião é solução; é retirar-se da incerteza a fim de viver a verdade; é encontrar realmente uma resposta. Porém, mesmo que essas definições estejam corretas em seus termos, elas apenas podem assumir um significado real se passarem pelo crivo da experiência real. No nível do discurso não há qualquer objeção, porém, na prática da experiência existencial as coisas precisam ser mais bem definidas.

Esta é apenas uma Introdução, portanto, não vou destrinchar todas as nuances da relação do leitor com o livro. Apenas quero dizer que sua leitura é maravilhosa exatamente por causa desses pontos de tensão e uma análise correta, humana e espiritual daquelas linhas pode conduzir o leitor a uma visão muito mais ampla da vida e do ser.

A leitura cuidadosa do livro possibilita uma compreensão profunda da complexidade da existência. Também permite uma ampliação responsável da própria idéia de religião. E, ainda mais, autoriza um implemento impressionante da idéia mesma de conhecimento. Mas tudo isto não aparece ao leitor apressado ou desinteressado. Apenas vai atingir aquele que se permite guiar pela narrativa, se deixa conduzir pela sequência da história e argumentos e mergulha de cabeça no mar existencial que está menos nas frases e nas idéias e mais nas razões psicológicas envolvidas.

E se há alguns que pretenderam e pretendem negar a inspiração divina do livro de Jó, ao menos para mim, a maior prova de que foi o próprio Deus quem, por meio de algum seu servo, escreveu aquelas linhas, é quão profundamente a narração pôde penetrar na alma e na mente daqueles personagens, além de não com menos força penetrar em nossa própria alma para alcançar os mais recônditos temores que existem dentro de nós.

Se a obra fosse um mero romance, diríamos que o autor conseguiu milagrosamente enxergar, como em uma máquina de raio-x, o que há de mais escondido dentro da alma humana. Porém, como aquela é uma obra de Deus, não há surpresa nisso, apenas mais um motivo de adoração do Senhor do universo.

Para mim, isso basta!