segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Palestra sobre Aborto


No próximo sábado, dia 24 de novembro, à partir das 20h, estarei promovendo uma palestra sobre o perigo da legalização do aborto no país e como nós, cristãos, devemos encarar tal matéria.



Se você mora na Baixada Santista, não perca a oportunidade de participar deste encontro.


Promoveremos um debate bem informal e esclarecedor.


Esperaremos dirimir as dúvidas sobre esse assunto e manifestar claramente o nosso repúdio contra tal ato desumano!!



Vida Alternativa


dia 24 de novembro, às 20h


Um Manifesto pela Vida
(contra o aborto)
Igreja Evangélica Fonte da Vida
Av. Afonso Pena, 724,
Ponta da Praia - Santos/SP
Informações pelo e-mail: discursosdecadeira@uol.com.br)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Fonte de Idéias - nº 3


Cristianismo em Debate
Neste programa: Aspectos da Fé.
Fabio Blanco e Fernão Ferraz

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Humildade no Serviço Cristão

Nas igrejas, como no céu, com Satanás, o orgulho tem derrubado diversos líderes. E o orgulho é, basicamente, o entendimento pessoal de que se é superior aos outros, de alguma maneira. Isso não tem nada a ver com capacidade ou preparo, mas da visão distorcida que as pessoas têm de si mesmas. Duas frases que li refletem bem a causa e o efeito dessa postura, que pode surgir até de maneira inconsciente na vida de um cristão. A primeira é da Norma Braga, em seu post do dia 21 de setembro, in verbis:
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"Quando o homem não vê o mal dentro de si, ou seja, não se reconhece como pecador, ele procurará extirpar o mal fora de si - fazendo-o encarnar-se em outros homens. Por isso, também, o cristianismo é um poderoso inibidor de violências".
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A outra é do pregador A.W. Tozer, em seu livro 'Este Mundo: Lugar de Lazer ou Campo de Batalha':
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"Jovens cristãos com freqüência impedem, através da atitude para consigo mesmos, o desenvolvimento da condição de serem úteis. Eles começam inocentemente achando que são pelo menos um pouco acima da média em inteligência e em capacidade e conseqüentemente ficam esquivos quanto a assumir uma postura de humildade. O que querem é começar já por cima e subir ainda mais! O que acontece é que eles geralmente não conseguem manter a posição elevada para a qual eles se sentem qualificados, e acabam desenvolvendo um crônico sentimento de ressentimento para com todos os que estejam em seu caminho ou que deixem de reconhecê-los. Com o passar do tempo isso acaba por incluir quase todo mundo. Por fim são tomados por uma profunda inveja contra todos. Eles acabam ficando num estado de uma amarga santidade e desenvolvem um olhar de quem tem um coração ferido, que imaginam ser tal qual o semblante dos mártires na arena".
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Reflita sobre isso e peça a Deus para livrar-nos deste mal.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Há apenas uma verdade, e ela é intransigente. Não há nada mais intransigente do que a verdade. Se assim não fosse, negaria a si mesma

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

"Pensar, de maneira inteligente e profunda, não é, forçosamente, algo complexo. O objetivo é a verdade. Como na Matemática: pode-se obter o resultado por meio de uma fórmula repleta de variáveis e sinais em alguns casos, ou somando dois mais dois em outros".

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O Governo do Símbolo e o Reino do Espírito

O cristianismo é a religião do sentido real das coisas, e não da aparência. A Lei Mosaica era apenas o simbolismo do real. Em Jesus, o real se manifesta por inteiro, sem mais a simbologia. Ora, para o homem que tem o encontro com o real, não convém regredir à aparência, não faz sentido. Enquanto o real é o reino do espírito, a aparência é o governo do símbolo, necessário como instrutor para o que havia de vir, mas sem mais função quando o que ele apontava se manifesta. Para o homem espiritual, que teve a seu favor o véu de acesso a Deus rasgado para todo sempre, o ritual é inócuo. Se ele ainda o pratica, só pode ser para a satisfação da carne mesmo, já que, espiritualmente, não possui mais efeito algum. Até parecem piedosos, mas não servem para nada!

Hoje, se nos relacionamos com Deus, não mais é por meio dos símbolos que, de maneira incompleta, representavam a divindade. Esta relação é direta – espírito com Espírito. Então, e isso Paulo tenta alertar, não devemos aceitar o jugo da estética. O reino de Jesus não é estético, é conceitual (realístico).

Santidade, obediência, pureza, amor, sabedoria não se encaixam no conceito de rituais simbológicos representativos do real. São princípios e virtudes reais mesmo. Não é possível ser santo apenas em aparência, nem sábio. Ou é ou não é. A aparência é do ritual, que pode tentar representar o real, mas nunca será o real. Então, quando Paulo fala que essas coisas possuem até aparência de virtude, ele está afirmando que jamais essas coisas serão virtude.

Até hoje as pessoas têm dificuldade de compreender isso. Como não se sentem capacitadas de alcançar a realidade, preferem manter-se na aparência. Até porque a aparência não pode ser julgada, por não possuir valor moral. Sendo apenas uma representação, a virtude que ela simboliza é que é passível de julgamento. Mantendo-se apenas no rito, o homem tenta, talvez inconscientemente, se eximir de responsabilidade. Ao ser retirado da segurança do ritual, o homem é desnudado por completo. E o que sobra? Sua essência. Aí, não adianta se contentar em parecer piedoso, é necessário o ser, de verdade.

Fabio Blanco
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Fonte de Idéias - nº 2



Cristianismo em Debate

Neste programa: Religiosidade

Fabio Blanco e Fernão Ferraz


quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Homem é Terra


Pregação do Fabio Blanco, no dia 29 de agosto de 2007, na igreja Fonte da Vida de Santos

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Fonte de Idéias - nº 1

Cristianismo em Debate
Neste programa: Liberdade
Fabio Blanco e Fernão Ferraz

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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Soneto à Insistência e aos que se Vão




Insisto por uma estrada infeliz

Feita a trilhar, sem alma e ferida.

Nos passos que persevero e quis,

O sustento da alma sofrida.


Pois eu sei: a verdade se mostrou

Inerme, segura e bem tranqüila.

Indiferente ao mal que me causou

Em minh'alma nocente apatia.


Quem disse então: os versos não podem

Curar toda esta estranha ferida,

Lá no fundo da alma sofrida.


Sempre esquece que os tempos não morrem;

E ainda que sem a despedida,

Não podem evitar a partida.



quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Fidelidade

Uma das características de quem possui o Espírito Santo é a fidelidade. Por isso Paulo insere tal virtude naquilo que ele denomina “fruto do Espírito”. Isso significa, simplesmente, que aquele que verdadeiramente é espiritual, é fiel como conseqüência. Imediatamente, nos reportamos à fidelidade a Deus. Ao leitor religioso esta é uma ligação óbvia com o texto.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Perdão e Arrependimento

Todos sabemos o que Jesus nos ensinou a respeito do perdão (Mateus 18). Cristo intruiu-nos a perdoar infinitamente. Na oração dominical chegou a vincular o perdão que praticamos ao perdão de Deus em relação a nós. Quanto a isso não há dúvida. O questionamento que veio à minha mente era mais específico: seria possível praticar o perdão independentemente do arrependimento ou a este estaria necessariamente vinculado? Se correta a última hipótese, o perdão infinito não deixaria de existir, mas seria sempre dependente de um ato anterior do sujeito faltoso.

Por toda a Bíblia, Deus parece vincular o perdão ao arrependimento. Não vemos Ele perdoando ninguém sem que haja um prévio arrependimento do indivíduo. O Senhor parece sempre condicionar uma coisa à outra. Por causa disso, em minha mente sempre pareceu evidente que não poderíamos falar de perdão, sem considerarmos o necessário arrependimento. Sem este, considerava aquele prejudicado, sem efeito, inexistente.

Durante três dias, o presente questionamento não abandonou a minha mente, e passei a meditar com profundidade sobre o assunto, tentando encontrar a explicação lógica para a minha tese: o perdão está sempre vinculado ao arrependimento e apenas pode existir aquele se existir este.

Passo então a compartilhar a minha investigação e, a final, conclusão sobre o assunto.

Perdão tem o significado de remissão ou indulto. Ainda que sejam tecnicamente diferentes, formalmente produzem o mesmo efeito, a saber, a não aplicação de uma pena. Portanto, perdão é exatamente isto. Ora, situando-se no momento determinado, devemos considerar que para a aplicação do perdão (ou não aplicação da pena) houve todo um procedimento que culminou neste instante. Até a pena precisou haver um ato faltoso, um julgamento, uma condenação e uma determinação de pena. Sem estas etapas, não é possível chegar à remissão. Esta necessita daquelas, invariavelmente. Em síntese, perdão é uma das fases do procedimento que se abre com a falta do sujeito. Apesar dessa ser uma explicação jurídica, é o que acontece até mesmo nos atos mais ordinários. Mesmo nas faltas menos graves, o sujeito agredido julga o ato, condena-o e determina a pena para ele. Por exemplo: imagine alguém que fala mal de você para outra pessoa. Isso lhe magoa e você decide que não vai mais se relacionar com ela. Num caso comezinho como este, podemos vislumbrar todo o procedimento citado anteriormente. A injúria é a falta, a análise dos fatos é o julgamento, a mágoa seria a condenação (sentença que afirma que o réu é culpado), a decisão de não mais se relacionar com a pessoa seria a pena e o ato de não se relacionar mais com ela a aplicação da pena. No caso de você resolver perdoar essa pessoa, isto seria a não aplicação da última fase desse processo, ou seja, apesar de tudo, você mantém o relacionamento com a pessoa.

Perdão é isso. Veja bem que ao não aplicar a pena, que de certo modo seria um direito do agredido, ele toma uma decisão espontânea e irrevogável. Isto é o que poderíamos comparar com o esquecimento. Dizemos que quando alguém perdoa, se esse perdão for sincero, deve esquecer o que aconteceu. Sabendo que esquecer, de fato, é impossível, pois a memória é irremovível, apenas podemos entender esse esquecimento como o ato de não relevar mais o ocorrido. Sendo o perdão a supressão da aplicação da pena, vemos que é exatamente o que ocorre. Não é uma absolvição, pois houve um julgamento e uma condenação. Se a pessoa agredida absolver o faltoso, o perdão torna-se desnecessário, por falta de objeto. A absolvição declara que o faltoso, na verdade, não cometeu falta alguma e, portanto, não é passível de correção. No perdão, de maneira diferente, há o reconhecimento da falta, por parte do agredido, deixando este, apenas, de aplicar a devida pena.

Diante disso, e agora voltando a minha especulação inicial, percebi, de maneira clara, que, ao menos formalmente, não havia obstáculo à aplicação do perdão sem um anterior arrependimento. Sendo apenas a supressão da pena, ainda que não haja o arrependimento, as fases formais do procedimento ocorreriam (falta, julgamento, condenação e pena). Nada exige, pelo menos formalmente, que para a aplicação da remissão ou do indulto haja uma contrapartida por parte do agressor. Perdão é graça e pode ou não exigir o arrependimento. Essa exigência pode até existir, se o agredido assim desejar, mas não é uma obrigatoriedade formal. Tanto pode existir o perdão com a contrapartida do arrependimento como o perdão gracioso.

Mas, indo além do aspecto formal, ainda é necessário ultrapassar eventuais exigências morais e éticas. Algo pode ser formalmente plausível, mas ferir princípios morais e éticos determinados. Eu precisaria investigar um pouco mais para concluir sobre isso.

A Bíblia parece nos indicar exatamente assim: o perdão é concedido apenas àqueles que se arrependem, sendo, dessa forma, uma exigência bíblica a ser, desta maneira, praticada. Ora, se Deus assim faz, e sendo Ele o exemplo perfeito de todas as coisas, deveria eu agir de maneira idêntica. Porém, um dos argumentos mais comuns, em objeção, é que Deus, na verdade, disponibilizou o perdão a toda humanidade, sendo que aquele apenas se torna eficaz para aqueles que o aceitam. No entanto, este é um argumento frágil, porque não é a aceitação do perdão que o tornaria eficaz, mas o arrependimento mesmo. De qualquer forma, o padrão de Deus é muito superior ao nosso, posto ser Ele o Ser perfeito e infinito, inclusive em seus atributos de pureza e santidade. Portanto, a vinculação do arrependimento ao seu perdão é mais uma questão de natureza do que de princípio. Assim precisa ser, para que possa haver comunhão entre o homem, com o seu pecado, e Deus. O arrependimento torna o homem puro, ao menos formalmente, por meio de uma declaração de Deus, e permite sua comunhão com o inefável. Além disso, nem todos os padrões de Deus podem ser imitados pelo homem, posto serem seres de naturezas diversas. Por exemplo, ninguém pode ver a Deus, pessoalmente, algo que obviamente não ocorre com os homens. Deus, em sua soberania, já promoveu destruição de inimigos, o que não é correto para nenhum ser humano fazer. Portanto, os princípios de Deus, para Ele mesmo, não são iguais dos dEle para o homem.

Mas o problema não está de todo resolvido. Uma pergunta se pôs diante de mim: o perdão sem o devido arrependimento não seria uma promoção da injustiça? Ora, a justiça é um princípio inalienável, e nenhum ato que se considere cristão pode ser contrário a ela. Porém, devemos pensar o seguinte: considerando que o perdão pressupõe as quatro fases do procedimento (falta, julgamento, condenação e pena), não haveria, portanto, qualquer injustiça. Não nos esqueçamos, como já dito, que perdão não é absolvição, mas supressão da aplicação da pena. Ora, sendo assim, o perdão pressupõe a condenação, ou seja, a aplicação da justiça. Perdão é um ato de graça, que não suprime a justiça, mas concede a remissão. É claro que apenas podemos falar de concessão de perdão pela pessoa agredida. Apenas ela tem o poder de conceder tal graça. Não é possível conceder remissão em relação a direitos alheios. Com isso, a justiça é plenamente realizável e a graça não a afeta, de maneira alguma.

Por fim, era necessário conciliar apenas mais uma coisa. Lembremos da passagem (Mateus 18) na qual Jesus orienta a, no caso de um irmão pecar, repreende-lo em particular, depois, não havendo arrependimento, junto a algumas testemunhas, e, com a insistência no erro, perante a igreja, mantendo-se ainda na falta, afastando-o do meio da comunidade. Tal atitude parece contrariar o ensinamento anterior, segundo o qual deveríamos perdoar infinitamente. Mas precisamos entender a situação. Não vejo correto o argumento que diz que, neste caso, está havendo um pecado continuado, e por isso não cabe perdão. Perdão infinito é perdão infinito, não havendo Jesus levantado qualquer limitação. Outro argumento que não concordo é que, neste caso, o ferido não é o indivíduo, mas a comunidade. No entanto, os princípios que guiam o indivíduo também devem guiar a comunidade, sendo esta a multiplicidade daqueles. Só me resta, então, entender que o presente caso refere-se a uma exceção. É isso mesmo! Uma exceção ao princípio de perdoar infinitamente. Isso não é uma novidade. Por exemplo, a verdade é um princípio cristão, porém, pode haver casos que a mentira torna-se necessária na defesa de um bem maior. Como exemplo, podemos citar o caso das parteiras em Êxodo 1. Elas mentiram para o rei do Egito, em relação ao nascimento dos filhos das hebréias. Ainda assim, A Bíblia diz que ‘Deus fez bem a elas’. Neste caso, a exceção ao princípio geral torna-se lícito por defender um bem maior: a vida. Entre a defesa de um princípio e a defesa da vida, esta possui supremacia indubitável. No caso do ensinamento de Jesus, há duas opções para a igreja: manter o pecador na comunidade, e prejudicar ainda mais a vida do próprio pecador, como do restante da comunidade, ou retirá-lo do meio e prejudicar (ou até ajudar) apenas a vida dele. Entre um bem menor: uma vida e um maior: várias vidas, escolhe-se a defesa do segundo. Uma exceção apenas confirma a regra. E olhe que a atitude deve ser tomada após a insistente tentativa de reconciliação do faltoso.

Diante tudo isso, conclui que é plenamente possível cumprirmos o ensinamento de Cristo. Independente do arrependimento alheio, podemos praticar o perdão como um princípio e uma graça. Não há obstáculos formais para isso e não promove a injustiça.


p.s: ainda, observo que o perdão é de suma importância e não deve ser aplicado de maneira generalizada e sem critério. Explico: há uma onda, nas igrejas, da ‘liberação do perdão’. Ensinam que devemos ‘liberar’ o perdão a todos e nos conciliarmos com as pessoas. Parece, ao menos para mim, que, apesar da boa intenção, falta, nesse ensinamento, um pouco de discernimento. O perdão pressupõe, como já vimos, uma condenação. Perdoamos as pessoas que consideramos que cometeram uma falta contra nós. Não existe perdão sem falta. Ao aplicar o perdão indiscriminadamente, subentendemos que ocorreram faltas indiscriminadas também. A cada perdão uma condenação, a cada remissão uma falta. O perdão é algo sério e precioso, aplicado às pessoas que temos a certeza que cometeram uma falta contra nós. Deve ser aplicado com critério e cuidado, sob pena de transformá-lo em mais uma atitude vazia de significado, perdendo, assim, seu valor e grandeza.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Humanos, Humanistas e Charlatões

Jesus Cristo combateu, de maneira veemente, os religiosos de sua época. Acusou-os de hipocrisia, falsidade, mentira e avareza. Denunciou a manipulação que eles faziam do povo e chegou a virar suas bancas de vendas, dentro do próprio templo.

A religiosidade, da forma como os fariseus a praticavam, evidencia o apego humano aos dogmas e às tradições, o que condiciona as pessoas a valorizarem mais os padrões impostos por homens do que o próprio Deus, para o qual o ser humano deveria direcionar sua vida por meio da religião (religare).

Propagado o cristianismo, não como uma instituição sedimentada, mas como uma revelação disseminada às custas do amor dos discípulos de Cristo, tornou-se, então, por conta de circunstâncias históricas, a religião oficial do Estado. Com isso, e sem demora, dogmas e tradições foram sendo inseridos ao contexto religioso, e as mazelas e incoerências, perceptíveis nos fariseus do tempo de Jesus, voltaram a aparecer.

A Reforma Protestante (desculpem a absurda síntese histórica), no século XVI, trouxe, em alguns aspectos, de volta, conceitos da verdadeira religião, porém, o tempo revigorou a institucionalização também desta nova religião, tornando-a, da mesma forma, um arcabouço de regras e tradições que, ainda que em proporção infinitamente inferiores às do Catolicismo, causam, do mesmo jeito, em seus adeptos, o apego às doutrinas e às tradições, ainda que estas sejam, muitas vezes, diversas dos próprios ensinamentos bíblicos.

Sempre existiu, em meio à história eclesiástica e das religiões, os seus contestadores, reformadores e críticos. Não apenas os 'de fora', mas, principalmente, no próprio seio da Igreja, existiram homens que, por meio de seus escritos e pregações, tentaram resgatar a religião aos seus princípios originais, ao seu objetivo inerente (conduzir ou religar o homem a Deus).

Isso aconteceu em todas as épocas e, creio eu, em todas as religiões. No cristianismo, sem dúvida. Concordando ou não com eles, homens como Erasmo ou Lutero (citando apenas pequeno, mas fervilhante, período da história eclesiástica) romperam com tradições (não todas), com idéias sedimentadas e atacaram aquilo que eles consideravam como feridas no meio da religião. Não se pode dizer que tudo o que eles disseram era correto e justo, mas, é evidente, que em muita coisa eles tinham razão.

Dando um salto para os dias de hoje, vemos, ainda, a religião sofrendo com os mesmos problemas de sempre: hipocrisia, mentiras, manipulação, dogmas em exagero e sem qualquer fundamentação bíblica, além da promiscuidade com o dinheiro e com o poder.

Diante disso, como sempre há de ser, surgem, dentro da própria religião, os arautos da renovação, da reforma, ou, até mesmo, da cisão fundamentada e legítima. Estes são homens que, já com alguma experiência no manejar eclesiástico, percebem, não do dia para a noite, que as mazelas da instituição, da qual fazem parte, são grandes e precisam ser combatidas.

Considero que tais movimentos, organizados ou não, são justos. Primeiro porque essa dialética é sempre saudável; segundo, porque, como defendo ardentemente, a liberdade de expressar o pensamento é um direito (mais: é absolutamente natural) de todo ser humano.

No entanto, que não seja uma via de mão única. A possibilidade de contestação sempre existe, e é salutar. E dentro dessa disputa (pacífica ou nem tanto) há, além dos argumentos, as tendências pessoais, as idiossincrasias e os interesses, é claro.

Falando desses contestadores modernos, percebe-se, claramente, uma tentativa de promover uma apologia à humanidade. Como se fosse uma redescoberta da percepção do caráter humano, de sua natureza e realidade. Com isso, acreditam reavivar um relacionamento mais sincero com o Criador. Conhecendo e vivenciando sua verdadeira natureza, o homem, segundo interpreto de suas argumentações, é mais capaz de manter um relacionamento sincero e verdadeiro com Deus.

Inescapável é esta verdade. Um relacionamento verdadeiro só é possível quando as partes envolvidas são reais, não apenas existencialmente, mas em compreensão própria e intenções transparentes. Como para Deus é impossível qualquer vacilo em relação a si mesmo, cabe ao homem compreender-se, aceitar-se e escrutar seu próprio ser, na tentativa do encontro da verdade, do real.

Porém, se até aqui, teoricamente ao menos, concordo com tais proposições, começo a torcer o nariz quando mergulho um pouco mais fundo, até a materialização da beleza da teoria na prática vivencial.

Na ânsia de promover a humanidade, o que estou começando a perceber nestes contestadores da religiosidade vazia e maculada é a radicalização humanista. Sendo o homem a referência, todo o restante: religião, Bíblia e até Deus, acabam por precisarem ser moldados a esta nova visão.

Na prática, o que é esta nova (ou velha, dependendo da intenção) forma de relacionar-se com Deus? Conhecendo o homem a si mesmo, aceitando suas mazelas e fraquezas, compreende que, para ele, é impossível 'alcançar' Deus por meio de seus méritos. Concordo, e já escrevi um texto que fala sobre isso (O Abismo). No entanto, um dos pilares desta nova retórica é a crítica à busca, irreal e desmedida, da pureza (santidade). Não vou ser injusto, não chegam a criticar a santidade em si, mas a busca desmedida, irreal e, muitas vezes hipócrita, de uma pureza que atrairia o amor de Deus e, conseqüentemente, suas dádivas. Porém, ainda que o princípio do pensamento seja irretocável, o fim deste rio de argumentos deságua na completa negação da santidade. Tal palavra passou a ser, para eles, quase sinônimo de hipocrisia.

Em sua teologia, ou interpretação da realidade, como queiram, entendem que Deus nos fez assim, e devemos nos aceitar como somos: sem culpas desmedidas e auto-condenações. E mais, se Deus nos fez assim, é para que vivenciemos esta realidade, esta natureza, de maneira plena.

Para mim, ao menos, isto me parece um canto de sereia, que seduz, agrada e convida aos seus braços, mas, no fim, acaba por nos afogar nas águas do pecado. Digo isso, pois me vi sendo seduzido por tais argumentos e caminhando, assim, para este humanismo religioso.

O que me fez desvencilhar dos braços da sereia foi (creio que por obra do Espírito Santo) a percepção de duas coisas:

Primeiro: a Bíblia não pode moldar-se a minha visão de mundo, e menos à minha humanidade absolutamente falível. Pelo contrário, devo eu me envolver em suas verdade e deixar que ela indique quem eu sou, como devo viver e como me relacionar com Deus. Diante disso, ainda que concorde que esse relacionamento só é possível por meio de uma sinceridade absoluta, e de uma compreensão abrangente de quem eu sou, não posso negar algumas verdades e princípios que a Palavra de Deus me coloca claramente: 'negue-se a si mesmo', carregue a sua cruz', 'sede santos'. Tais conselhos (veja que não os coloquei como mandamentos) são indubitáveis em seu objetivo. Negar a si mesmo só pode ser negar a sua realidade, sua maneira de pensar, seus valores e, de alguma forma, sua humanidade pecaminosa. Negar, aqui, não é desconhecer o que se é, mas não concordar consigo, à maneira de Paulo: 'aquilo que quero não faço, mas aquilo que não quero, isso faço'. Carregar a cruz é submeter-se às dificuldades das escolhas cristãs, com suas privações, sim, com suas rejeições e, até mesmo, sacrifícios (outra palavrinha mal interpretada). Ser santo é purificar-se, ou seja, viver de maneira cada vez menos pecaminosa. Por mais que se dêem outras interpretações à santidade, e é verdade que elas existem, neste caso se trata disso mesmo. Esta análise foi o que começou a me despertar para a desconfiança em relação a este nova retórica.

Porém, o que me despertou de vez, com de um sobressalto, foi perceber que os argumentos desses novos pregadores são idênticos, em sua base de sustentação, àqueles pregados em igrejas como a Universal do Reino de Deus e, também, na mídia secular. Vejamos:

Estava assistindo a um programa da Igreja Universal, o qual fora iniciado com um clipe musical, com uma música pretensamente gospel, no qual passava cenas de pessoas desfrutando seus bens de consumo. Eram mansões, carros de luxo, barcos e tudo o que o dinheiro (e só muito dinheiro) pode comprar. Entrando em cena, então, o bispo da igreja (um bem conhecido, porém não lembro de seu nome), suas palavras foram certeiras: "Está vendo tudo isso meu irmão! Você pode ter tudo isso. Se Deus te colocou neste mundo é para usufruir dessas coisas. Isso é pra você!".

Qual a semelhança com o discurso daqueles outros pastores? Está na base do pensamento: se Deus te fez assim, é para ser assim. Que fique claro, não estou comparando intenções, longe disso. Nem mesmo igualando os discursos. Apenas estou me referindo à sustentação dos argumentos apresentados. Ambos se baseiam na mesma idéia: o homem como a medida das coisas.

Eu poderia citar uma frase do Rubem Alves, por exemplo: "Se Deus não nos tivesse criado para o prazer, Ele (ou Ela) não nos teria dado tantos brinquedos para o corpo, como os gostos, os sons, as cores, as formas, os cheiros, as carícias, e não teria dotado o corpo de tantos órgãos eróticos - no ('Teologia do Cotidiano')". O ser humano aqui é a referência para a moral sexual e não a Palavra de Deus. Não sendo um moralista na área da sexualidade (quem me conhece sabe disso), frases como esta são o convite a todo tipo de perversão, inclusive sexual. Ora, se a moral é medida pelo corpo e seus sentidos, qual a limitação, então? E mais perigoso, é como pode se estender isso a outras áreas da vida, possibilitando a quebra de toda regra moral, sendo esta apenas medida pelas sensações individuais, e não mais por critérios objetivos e definidos. Tratando-se de Rubem Alves, a gente sabe no que deu.

E o pior é que essa visão contemporânea está sendo compartilhada, num coro em uníssono, por vozes que, de cristãs, não possuem nem o calendário pendurado na geladeira.

Um exemplo é a música, de autoria de Paulinho Moska e Zélia Duncan, de abertura da novela das sete - Sete Pecados, da rede Globo, da qual, transcrevo a letra:

A alegria do pecado
Às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu

E eu gosto
De estar na terra
Cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano

Pois Perfeição demais
Me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso
Pra não ser carne e osso

Alguma semelhança no discurso? ‘Me cobrir de humanidade (...) me aproxima do céu’; ‘O direito, ainda que profano, do mundo ser sempre mais humano’; ‘perfeição demais’; ‘quem se diz muito perfeito’. São as mesmas palavras, numa identidade harmoniosa e espantosa. Parece que todos caminham numa mesma direção...

Mentiras satânicas têm envolvido às igrejas e seus fiéis, num emaranhado ideológico sutil. Suprimindo toda a objetividade e certeza, preferem implodir todo e qualquer edifício construído à custa de muita meditação, debates e, até sangue, ao invés de, como um humilde pedreiro, aproveitar aquilo que resiste ao tempo, por ser sólido e bem planejado.

Com a desculpa da busca pelo relacionamento sincero, rejeitam diversas certezas bíblicas, relativizam princípios e moral e renegam conquistas históricas. Creio que muitos são sinceros nesta busca, e caminham assim por também terem sido envolvidos nesta retórica que iniciou-se, falando apenas de nossos contemporâneos, já há algumas décadas.

Mas no fim, percebo que junto aos humanos e humanistas, sobrevivem os charlatões, todos cantando em alta voz o canto da sereia, que seduz, hipnotiza e, se eu estiver certo, terminará por afundar os nossos barcos nos rochedos do relativismo universal.
pregação sobre este tema: OUÇA agora.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Pecado tem Tamanho?

Oi Fabio, somos nós, Ana e Paulo e gostaríamos de sua opinião sobre os seguintes assuntos:

1º Existe tamanhos ou gradação para os pecados? Ou seja, pecadinho ou pecadão? Temos nossa opinião, mas gostaríamos de saber a sua.
2º (...)

Gostamos de sua iniciativa de se posicionar em debates on-line, por isto, resolvemos questioná-lo sobre estes temas.

Um abraço

Paulo e Ana

Paulo e Ana: obrigado por enviarem tal questionamento, apesar de saber que vocês o fizeram, principalmente, para fomentar o debate aqui no site. Como eu, vocês também crêem na importância do desenvolvimento das idéias para a maturidade pessoal, inclusive espiritual. Sendo assim, vou expor o meu entendimento.

Quando nos referimos a pecado, a primeira idéia que surge em nossa mente é a de uma prática específica que é contrária aos princípios de Deus. Este entendimento não chega a ser errado, porém evidencia um aspecto incompleto do assunto.

Biblicamente, o sentido claro do termo significa aquilo que é contrário a Deus, o que o desagrada. Na língua latina, tem o sentido simples de falta, crime, delito. Teologicamente, convencionou-se o entendimento de que pecado é errar o alvo de Deus.

Mas qual seria esse alvo? Fica evidente que, contendo a Bíblia a revelação divina, traz, ela, em suas linhas, o objetivo de Deus para o ser humano e seu plano para a existência deste. Toda a Bíblia aponta para Jesus Cristo, o qual, em sua passagem terrena, teve como objetivo morrer pela humanidade para, como expiação pelo pecado do ser humano, purificá-lo, concedendo-o a salvação.

Podemos responder a pergunta então: o alvo de Deus é a salvação humana. No entanto, se parássemos nosso raciocínio aqui, concluiríamos que errar o alvo (pecar) é errar a salvação, não alcançá-la. Esta conclusão é corretíssima e nela devemos nos ater.

No entanto, precisamos responder a pergunta: o que nos impede a salvação que pode ser chamado de pecado? Deus, sendo um ser eterno, tem seus atributos também eternos. Ainda que eles se harmonizem, não podemos admitir qualquer diminuição qualitativa nas características de Deus. Dessa forma, para que haja comunhão plena com esse mesmo Deus, é necessário que o ser que deseja comungar com Ele esteja completamente purificado. A santidade infinita de Deus não aceita envolver-se com a finitude corrompida humana, por razões, inclusive, lógicas. Então, para podermos usufruir plenamente dessa comunhão, diferente da comunhão parcial que temos hoje, é necessário que não haja sequer uma gota de corrupção em nosso ser. Sabendo que isto é impossível para o homem, apenas uma declaração formal de Deus (justificação) pode torná-lo puro (ainda que seja uma pureza por declaração, afinal, ele continua a pecar). Pecado, portanto, é tudo o que caracterize essa falta de pureza, de santidade. Uma gota de impureza é impureza e já impede o ser humano de comungar plenamente com Deus. Ora, o mais ínfimo pecado, ainda que cause uma gotícula de nódoa na alma humana, já a impede de estar com Deus. A santidade eterna não pode receber algo que, como ela, também não seja eterna. Um mínimo pecado é pecado e impede o homem de viver eternamente com o Senhor.

Se analisarmos, então, pelo termo: pecado, não há como tentarmos montar qualquer tipo de graduação. Pecado está intimamente ligado com salvação, com Deus, com santidade. Dessa forma, qualquer pecado, seja de que tipo for, terá o mesmo resultado: a impossibilidade da salvação do homem.

Se quisermos atribuir alguma diferenciação entre estes atos que caracterizamos como pecado, devemos nos afastar do termo e tratarmos eles como faltas, erros, delitos etc. Nesse sentido, sim, é possível ver diferenças intrínsecas e extrínsecas entre eles. Seria estúpido, da parte de qualquer pessoa, considerar todas as faltas iguais entre si. É evidente que existem erros que possuem conseqüências maiores e mais sérias do que outros. Até mesmo a Bíblia indica que existem atitudes que Deus reprova com mais rigor (Provérbios 6.16-19; Mateus 12.31).

Fica claro, portanto, que, se nos referirmos a pecado, não há como escapar da idéia de salvação, que é o alvo estabelecido por Deus para o ser humano. Para fazermos alguma análise dos atos que desagradam a Deus, em suas conseqüências mais diretas e transitórias, precisamos abandonar o termo pecado e nos referirmos a eles como faltas, vícios, erros, delitos etc.

Então, posso responder que não, não existe diferença valorativa entre os pecados, mas, sim, existe entre os atos faltosos, delituais e errôneos.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Porque Defendo a Liberdade de Expressão

Lembro de uma vez, no setor no qual eu trabalhava, no Porto de Santos, havia um colega de trabalho que era de uma igreja evangélica. Conversávamos, eu, ele e mais dois colegas cristãos sobre um artista conhecido que dizia que sacrificava animais em oferenda para demônios, por conta de seus trabalhos musicais. Este colega, diante disso, disse a seguinte pérola: ‘Isso é culpa da nossa Constituição, que permite essa liberdade religiosa. Isso deveria ser proibido!’. No mesmo instante, arregalei os olhos, estupefato com a frase e lembro apenas de ter dito isto: ‘Se não houvesse essa liberdade religiosa, você estaria rezando para Nossa Senhora da Aparecida’.

Muitas pessoas não percebem que toda liberdade tem um preço. Para que uma pessoa possa gozar de alguma liberdade, deve haver um correspondente equivalente às outras pessoas, o que cria uma diversidade de pensamentos e idéias e atos. A liberdade carrega consigo também a responsabilidade, pois o julgamento e a condenação apenas são possíveis em relação a quem possui a condição de escolher livremente. Sem essa condição, não é possível determinar valor para o ato, impossibilitando o julgamento.

Com a possibilidade de escolha, o ser racional tem a possibilidade de se posicionar da maneira como bem entender. Inclusive, podendo negar o bem, agir contrário à moral, dizer o que pensa, ainda que seu pensamento seja reprovável segundo os valores estabelecidos.

Pela liberdade, os homens têm escolhido se afastar de Deus, viver como nos tempos de Sodoma e Gomorra, sendo “amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus...” (2Tm 3.2-4).

Por isso, seremos contra a liberdade? Absolutamente não!

Em primeiro lugar, ainda que desejássemos o seu fim, isso não seria possível. A liberdade é inerente ao ser racional. Orígenes, pensador cristão do século IV, já intuía isso: “... os que afirmam ser o homem incapaz de agir por decisão própria, negam-lhe a natureza racional, equiparando-o ao animal. Onde há uma razão, ali também há liberdade. Pois pensar racionalmente significa julgar” (extraído do livro História da Filosofia Cristã, de Philotheus Boehner). A racionalidade está intimamente ligada à liberdade. Não é possível a existência de uma sem a outra. Se é possível raciocinar, isso pressupõe a liberdade para o fluxo do pensamento; se é possível a liberdade, é porque há a condição de julgar, raciocinar.

E, ainda que não houvesse essa premissa lógica da racionalidade com a liberdade, o verdadeiro cristão deve entender que a liberdade é um pressuposto inerente à proporia fé cristã. Deve-se considerar que Deus criou o homem livre, seja por vontade própria, seja por um impulso lógico, segundo o que foi dito acima. De qualquer forma, essa liberdade é indiscutível e, só por isso, ser contrário a sua existência, de qualquer forma, é pensar diferente de Deus. Se a liberdade inicia no próprio Deus, seguir um caminho diverso é negar um princípio divino, ou seja, negar o próprio Deus.

Além disso, devemos atentar para a ordem dada por Jesus a seus discípulos: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Como compreender o cumprimento deste comissionamento, sem o mínimo de liberdade? É verdade que o mundo ainda vivia longe do entendimento da possibilidade da expressão individual totalmente livre do pensamento. E se analisarmos, sem muito esforço, percebemos que isso apenas criava embaraços à pregação. Sendo assim, concluímos que a falta de liberdade é contrária à própria pregação do Evangelho. E mesmo que argumentem que tal tolhimento ajudou o fortalecimento da fé, essa ajuda não foi direta, mas conseqüência oblíqua dos fatos, não podendo, com isso, ser argumento em defesa da falta de liberdade. A perseguição aos cristãos, no início da era cristã, fortaleceu muito a fé daqueles homens, mas quem poderá dizer que tal perseguição era justa e devida? A ausência de liberdade, por muitas vezes, pode fortalecer a fé de comunidades, mas jamais será um pressuposto moral para o crescimento destas mesmas comunidades.

Pregar é falar para outros sobre algo. Falar indica liberdade de pensar e de se expressar. Falar para outros pressupõe essa possibilidade. A liberdade, quanto mais ampla, mais facilitadora dessa pregação. Se é facilitadora, então, é favorável à pregação e, por isso, deve ser defendida.

Portanto, o cristão, por todas as razões citadas acima, deve ser um defensor da liberdade de expressão, da maneira mais ampla possível. Liberdade que tem seu preço. Liberdade que nos depara com muitas coisas que chegam a corroer nosso ser intimamente. Que nos faz enxergar a corrupção humana, em seu nível mais profundo. Que desperta em nós a revolta por causa da depravação e imoralidade. Que nos faz, muitas vezes, querer inclusive a sua extinção, fazendo-nos crer que isso solverá todas as mazelas humanas. Mas quem poderá obstruir o pensamento? E o homem mal, cerceado em seus atos e palavras, deixará de ser mal?

Sou cristão, luto pela liberdade. Liberdade de pensamento e expressão, ampla e irrestrita (limitada apenas naquilo que constituiria crime, ou apologia a este). Não confundo a maldade humana com sua liberdade. O homem não é corrupto por causa da liberdade. Esta apenas permite que saibamos disso.

Fabio Blanco

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Fé pela Fé: passos sem direção

A fé é o caminho. Por ela é possível acreditar em algo sem descartar hipóteses divergentes, pois a busca do sábio é a verdade. A fé não é um refúgio para os ignóbeis, mas é a trilha em busca do destino real. Ter fé é querer a verdade e acreditar que ela existe no objeto da crença. Essa fé é adquirida por diversos meios, como conseqüência de experiências diversas. Mas ela não é um fim em si mesma. É a metade do caminho. O destino é a verdade, o real.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

O Cristão e o Velho Testamento

Voltando à questão da homossexualidade acho que nunca chegaremos a um consenso, porque você crê na Bíblia e eu creio na Ciência e vejo a Bíblia como um documento bastante intolerante! (ps. isto não é uma ofensa). Causa-me estranheza também o fato de vários pecados, escritos na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo testamento, hoje já não são considerados pecados e a homossexualidade, ainda, permanece como pecado. Este texto, abaixo, é muito interessante e fala sobre isto!
http://www.estudos-biblicos.com/fundamen.html
Até hoje nenhum teólogo, ou pastor ou padre, etc., conseguiu me dar uma explicação convincente!

Johnie Brito



Amigo Johnie, tomei a liberdade de postar parte de seu comentário ao artigo ‘Da República das Bananas à Ditadura Homossexual’, por entender a matéria de interesse de meus leitores. Obrigado por postar aqui e deixe-me tentar lhe expor o meu entendimento sobre o assunto.

É verdade que a Bíblia é intolerante. Mas você precisa entender que ela se declara a verdade e a verdade é intolerante. A verdade não aceita contestação pois a contestação da verdade é a não-verdade, portanto, a não-existência. Se a Bíblia lhe parece intolerante é por uma questão de lógica e não de presunção.

Em relação aos pecados do Antigo Testamento, descritos no link que você postou, é necessário entender o plano de salvação de Deus. Resumidamente é assim: Deus criou o ser humano e este se rebelou em desobediência. Sendo Deus eternamente santo, e não podendo comungar com o que não é puro (impossibilidade natural), precisou criar uma fórmula que justificasse o ser humano, possibilitando o seu relacionamento com Ele. Mas, para isso, um preço precisava ser pago. Como todo pagamento deve ser feito com algo da mesma espécie da dívida, era necessário que um ser humano (ou até mesmo alguns) assumisse a impureza (pecado) dos outros seres humanos. Porém, nunca houve e nunca haverá ser humano puro o suficiente para isso. Portanto, por amor, Deus envia seu filho (que é Deus em essência), para humilhar-se, tomando forma limitada de homem e assumindo, inclusive, a natureza humana, para que ele cumprisse tal dolorosa missão. Jesus vem para morrer pela humanidade e, dessa forma, possibilitar a salvação para todos os homens. Ele é morto, mas como a morte apenas tem força contra o pecado (sentido lato), ela não pode deter aquele que não tinha pecado. O que Deus oferece, a partir daí, é a possibilidade de, apenas crendo e aceitando esse sacrifício como eficaz na minha vida, eu seja justificado (formalmente declarado puro) e possa comungar com Ele.

Este é o plano de salvação. Mas, para entende-lo, é necessário todo um período de preparação e ensinamento que permita que o ato de Jesus seja cognoscível pela humanidade. Aí entra o Velho Testamento. Ele é esse ensino. Se ele é duro, intolerante, sangrento, talvez o seja na ótica do homem moderno. Mas para o indivíduo de seu tempo, ele refletia a realidade de todos os povos. E por essa realidade que Deus ensina o que estava sendo preparado para a salvação do mundo.

A Bíblia ensina assim, em Gálatas 3: 21-25:

“...a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio”.

O que diz este texto? Que a lei (Velho Testamento) foi o nosso tutor (aio), aquele que ensina a criança até ela encontrar a maturidade. Chegando esta, o homem, não sendo mais criança, não precisa mais dele e pode seguir seu caminho. A humanidade não precisa mais da lei do Velho Testamento, pois ela se encerrou em Jesus. Ainda é um guia de princípios, de compreensão de Deus, mas não possui qualquer força normativa. Vivemos sob a graça de Cristo e nele está o entendimento da verdade. O que fazemos não deve mais ser guiado pela formalidade vazia, mas pela intenção direcionada à vontade de Deus (adoração).

Voltando a colocação da Sra. Laura Schlessinger, foi ela absolutamente infeliz ao querer justificar a pecaminosidade da homossexualidade exclusivamente em um texto do Velho Testamento. Isso é precário. Apesar de ali a Lei expressar que o ato é abominação, diferente de outras regras que não possuem qualquer adjetivação, há textos no Novo Testamento que dizem do descontentamento de Deus com tal prática (Romanos 1.26-27; 1Coríntios 6.9).

Resumindo: o Velho Testamento é apenas um preparativo, um educador, para compreendermos o sacrifício de Jesus por nós. Sem o Velho Testamento, o ato de Jesus seria incompreensível e é por isso que a Bíblia diz que Cristo veio ao mundo na ‘plenitude dos tempos’ (Gálatas 4.4).

Caro Johnie, é provável que eu não tenha lhe convencido, afinal todo o narrado só é possível apreender pela fé. Estou certo, ao menos, que dei-lhe uma explicação lógica, baseada na minha fé, sobre essa questão levantada.

Um grande abraço.

Fabio Blanco

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Da República das Bananas à Ditadura Homossexual

Nunca foi costume meu escrever sobre homossexualismo. Sempre mantive esse tema à parte de minhas divagações. Tratei sempre o homossexualismo como pecado (conforme minha fé cristã), porém, jamais o coloquei numa posição mais importante em relação aos outros pecados. Aliás, sempre tive o homossexualismo como um pecado menor até, pois é algo que feriria, em princípio, apenas os optantes. Diferente de erros maiores, os quais costumam prejudicar terceiros, o homossexual cometeria um pecado que desagrada a Deus somente, por isso, apesar de ser um erro, seria apenas mais um erro. Esta forma de pensar talvez venha de minha formação, um tanto liberal, mesmo sendo criado na igreja batista. Claro, não uma liberalidade de costumes, e nem de fundamentos (creio na Bíblia como a palavra de Deus), mas de idéias. Como comecei a ler livros mais profundos muito cedo (com 15 anos aproximadamente), aprendi a compreender que mesmo às questões que parecem mais pacificadas os homens podem dar interpretações diferentes, e até mesmo convincentes. Assim, nunca me apeguei demais às tradições e aos costumes, sendo, inclusive, um crítico contumaz de muitos deles. Me acostumei, também, a ter idéias muito pessoais sobre diversos assuntos, sem me preocupar se tais pensamentos vão ao encontro do pensamento dominante. Mas aprendi a não ser teimoso também. Posso mudar de idéia facilmente, bastando encontrar um argumento melhor do que aquele que carrego. Não há nada pior do que alguém que diz que pensa, mas age como uma mula.

Quando assisti ao vídeo da entrevista do Marcelo Crivella ao Jô Soares, o que mais me chamou a atenção não foi o tema homossexualismo, mas as incoerências dos argumentos, os quais, no meu entender, estavam sendo uma agressão ao bom senso e à inteligência alheia. Tanto é verdade que eu estava preparando um vídeo contendo a primeira parte da entrevista, na qual as partes debatiam sobre um projeto de adição à Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Nesta parte já havia muitos absurdos e incoerências. Porém, quando gravei a parte do assunto homossexualismo, entendi que já havia ali material suficiente para demonstrar a quantas anda o pensamento nacional. Acontece que subestimei a ignorância (‘Nunca subestime a ignorância, ela sempre poderá surpreende-lo’) dos interlocutores. Já me surpreendeu a reação da platéia no próprio programa do Jô, rindo e aplaudindo de todos os absurdos que este externava. E, vejam bem, não estou me referindo às interpretações bíblicas, questões pessoais de fé ou opiniões, estou falando de lógica e bom senso. Me chamou a atenção as pessoas não perceberem a falta de conteúdo e razão daquela entrevista e ainda apoiarem o entrevistador. Mais espantado ainda fiquei ao procurar comentários sobre o programa. Com algumas honrosas exceções, a grande maioria dizia que o Jô deu uma aula no senador Crivella. Por fim, também me pasmou o fato de a Globo disponibilizar esse vídeo em seu site (de onde tirei as imagens). Isso apenas demonstra que nem lá perceberam a entrevista desconexa que foi aquela. Mas, o que mais me fez pensar, foi a reação dos próprios internautas que assistiram ao vídeo no Youtube. Uma boa parte deles, dizendo-se ou dando a entender que são homossexuais, enviaram para mim mensagens raivosas, inconformados com o meu trabalho. Defendendo a proibição da livre expressão, me xingaram, condenaram, e desejaram até minha morte. Defendendo a tolerância, destilaram todo o ódio ao cristianismo e desejaram que todas as igrejas fossem fechadas. Defendendo o fim do preconceito, expuseram todo seu pensamento pré-concebido em relação aos cristãos, demonstrando a total falta de conhecimento do que somos e o que pensamos. Agiram como Calígula defendendo a moralidade, como Hitler proclamando o amor, como Bush conclamando à paz.
O que eles não percebem é que estão dando um tiro no próprio pé. Acredito que 99% desses internautas sequer passaram o olho no projeto de lei. Não sabem do que exatamente se trata e que a religião está sendo protegida também. E, por ela, esse tipo de agressão aos cristãos se tornaria intolerável. Então porque não defendo a lei, já que ela protegeria minha fé? Porque os males seriam maiores do que as críticas que a religião ou a opção sexual podem receber. Com a lei, subjetiva como ela está, tudo poderia ser motivo de ingresso de ação cível ou criminal. Teríamos o risco de começarmos a viver um puritanismo às avessas. Talvez nem piadas poderiam ser mais contadas em público (Jô, cuidado, você também pode ser uma vítima dessa lei!). Acham que eu estou exagerando? Então aguardem a análise que estou preparando e vocês vão ver do que se trata. Sairíamos da República das Bananas e entraríamos na Ditadura Homossexual. Talvez o slogan do governo passe a ser: ‘Aceite-o, ou deixe-o’. Dizem que um povo defende melhor seus valores mais apreciados, e nós sabemos qual parte do corpo o brasileiro mais aprecia.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

O Meu Céu

Ah! Como eu imagino o céu?

Acordando cedinho, com só um pouquinho de sono, depois de uma noite fria, mas agradável, sentindo o cheiro do café feito por alguém que não é minha esposa (afinal, não nos daremos em casamento), abrindo a janela, sentindo o exalar do orvalho e vendo a leve névoa passar.

Tomo um café da manhã gostoso, e sento à porta de casa, contemplando, por um tempo, a felicidade daqueles que ao meu redor vivem.

Aí, Jesus chama a gente, nos põe a sentar à sua volta, e começa a falar palavras sábias e belas, que nos ensinam, a cada dia, um pouco mais sobre a existência. Por vezes, ele apenas expressa palavras ritmadas, numa poesia que nos eleva e afaga.

Enlevado, com tanta sabedoria, me retiro ao leito de um rio cristalino, a meditar sobre cada palavra, cada frase, cada colocação feita pelo Mestre.

Completamente satisfeito com tudo aquilo, me ponho então a caminhar, conhecendo novos lugares, visitando amigos mais distantes e apreciando este mundo maravilhoso.

O restante do dia, em meditações e boas conversas, passo com meus amigos, que são tantos, quase infinitos, dos quais, grande parte, eu nem conheço. Todavia, toda vez que encontro alguém desconhecido, é como se encontrasse um familiar querido e há muito distante.

Final de tarde, iluminados por uma estrela muito mais linda que o formoso sol, nos concentramos, todos nós, numa praça lindíssima, onde passamos algum tempo cantando músicas jamais ouvidas aqui na Terra, com melodias tão agradáveis, que se fossem tocadas aqui, não sairiam das paradas jamais.

À noite, na verdade apenas uma mudança de iluminação, para que nossos olhos descansem, sentamos em grupos ao redor de fogueiras, tentando compartilhar a compreensão de cada um sobre as palavras de Jesus.

Talvez esse céu seja humano demais, mas, no que pode minha mente alcançar, é o melhor dos mundos.

Se for diferente, é certo que será ainda melhor.

Fabio Blanco.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Convicção

Faça o que é certo, mesmo quando lhe criticam; assim, não terá do que se desculpar

sábado, 6 de janeiro de 2007

Dúvidas

“Não me envergonho de minhas dúvidas. Apenas quem não suporta a incerteza a ignora e a tem como fraqueza. Quem está certo de tudo não amadurece, não sonha, não descobre”.