Oi Fabio, somos nós, Ana e Paulo e gostaríamos de sua opinião sobre os seguintes assuntos:
1º Existe tamanhos ou gradação para os pecados? Ou seja, pecadinho ou pecadão? Temos nossa opinião, mas gostaríamos de saber a sua.
1º Existe tamanhos ou gradação para os pecados? Ou seja, pecadinho ou pecadão? Temos nossa opinião, mas gostaríamos de saber a sua.
2º (...)
Gostamos de sua iniciativa de se posicionar em debates on-line, por isto, resolvemos questioná-lo sobre estes temas.
Um abraço
Paulo e Ana
Paulo e Ana: obrigado por enviarem tal questionamento, apesar de saber que vocês o fizeram, principalmente, para fomentar o debate aqui no site. Como eu, vocês também crêem na importância do desenvolvimento das idéias para a maturidade pessoal, inclusive espiritual. Sendo assim, vou expor o meu entendimento.
Quando nos referimos a pecado, a primeira idéia que surge em nossa mente é a de uma prática específica que é contrária aos princípios de Deus. Este entendimento não chega a ser errado, porém evidencia um aspecto incompleto do assunto.
Biblicamente, o sentido claro do termo significa aquilo que é contrário a Deus, o que o desagrada. Na língua latina, tem o sentido simples de falta, crime, delito. Teologicamente, convencionou-se o entendimento de que pecado é errar o alvo de Deus.
Mas qual seria esse alvo? Fica evidente que, contendo a Bíblia a revelação divina, traz, ela, em suas linhas, o objetivo de Deus para o ser humano e seu plano para a existência deste. Toda a Bíblia aponta para Jesus Cristo, o qual, em sua passagem terrena, teve como objetivo morrer pela humanidade para, como expiação pelo pecado do ser humano, purificá-lo, concedendo-o a salvação.
Podemos responder a pergunta então: o alvo de Deus é a salvação humana. No entanto, se parássemos nosso raciocínio aqui, concluiríamos que errar o alvo (pecar) é errar a salvação, não alcançá-la. Esta conclusão é corretíssima e nela devemos nos ater.
No entanto, precisamos responder a pergunta: o que nos impede a salvação que pode ser chamado de pecado? Deus, sendo um ser eterno, tem seus atributos também eternos. Ainda que eles se harmonizem, não podemos admitir qualquer diminuição qualitativa nas características de Deus. Dessa forma, para que haja comunhão plena com esse mesmo Deus, é necessário que o ser que deseja comungar com Ele esteja completamente purificado. A santidade infinita de Deus não aceita envolver-se com a finitude corrompida humana, por razões, inclusive, lógicas. Então, para podermos usufruir plenamente dessa comunhão, diferente da comunhão parcial que temos hoje, é necessário que não haja sequer uma gota de corrupção em nosso ser. Sabendo que isto é impossível para o homem, apenas uma declaração formal de Deus (justificação) pode torná-lo puro (ainda que seja uma pureza por declaração, afinal, ele continua a pecar). Pecado, portanto, é tudo o que caracterize essa falta de pureza, de santidade. Uma gota de impureza é impureza e já impede o ser humano de comungar plenamente com Deus. Ora, o mais ínfimo pecado, ainda que cause uma gotícula de nódoa na alma humana, já a impede de estar com Deus. A santidade eterna não pode receber algo que, como ela, também não seja eterna. Um mínimo pecado é pecado e impede o homem de viver eternamente com o Senhor.
Se analisarmos, então, pelo termo: pecado, não há como tentarmos montar qualquer tipo de graduação. Pecado está intimamente ligado com salvação, com Deus, com santidade. Dessa forma, qualquer pecado, seja de que tipo for, terá o mesmo resultado: a impossibilidade da salvação do homem.
Se quisermos atribuir alguma diferenciação entre estes atos que caracterizamos como pecado, devemos nos afastar do termo e tratarmos eles como faltas, erros, delitos etc. Nesse sentido, sim, é possível ver diferenças intrínsecas e extrínsecas entre eles. Seria estúpido, da parte de qualquer pessoa, considerar todas as faltas iguais entre si. É evidente que existem erros que possuem conseqüências maiores e mais sérias do que outros. Até mesmo a Bíblia indica que existem atitudes que Deus reprova com mais rigor (Provérbios 6.16-19; Mateus 12.31).
Fica claro, portanto, que, se nos referirmos a pecado, não há como escapar da idéia de salvação, que é o alvo estabelecido por Deus para o ser humano. Para fazermos alguma análise dos atos que desagradam a Deus, em suas conseqüências mais diretas e transitórias, precisamos abandonar o termo pecado e nos referirmos a eles como faltas, vícios, erros, delitos etc.
Então, posso responder que não, não existe diferença valorativa entre os pecados, mas, sim, existe entre os atos faltosos, delituais e errôneos.
Pecado tem Tamanho?